EUA: contra laços da Microsoft com Exército de Israel, funcionários ocupam sede da empresa

 

Dezenas invadiram escritório em Washington após relatos de que software da companhia é usado por militares para realizar operações em Gaza

Amanda Péchy
Dezenas de funcionários invadiram a sede da Microsoft no estado de Washington, no oeste dos Estados Unidos, na terça-feira 19, para protestar contra supostos laços entre a corporação e o Exército de Israel. De acordo com os manifestantes, militares israelenses utilizam um dos softwares da empresa americana, chamado Azure, para armazenar dados de vigilância de palestinos e realizar operações em Gaza.

Os protestos, organizados pelo grupo Não ao uso do Azure para Genocídio, exigiram que a Microsoft se desfaça de Israel como cliente. Menos de uma semana após a empresa anunciar o lançamento de uma investigação independente sobre o uso da plataforma de computação em nuvem, funcionários atuais e antigos ocuparam um espaço que declararam “Zona Franca”, segurando cartazes com os dizeres: “Junte-se à Intifada dos Trabalhadores: Não ao Trabalho por Genocídio” e “Praça das Crianças Palestinas Martirizadas”.

As acusações não são de agora. No início deste ano, um funcionário interrompeu aos berros um discurso do CEO da empresa, Satya Nadella, durante a conferência anual de desenvolvedores: “Satya, que tal você mostrar como a Microsoft está matando palestinos?”

O protesto terminou após cerca de duas horas, quando a polícia ordenou que os manifestantes deixassem o escritório onde 47 mil pessoas trabalham na cidade de Redmond; do contrário, seriam presos por invasão de propriedade. Um porta-voz da Microsoft disse apenas que o grupo “foi convidado a se retirar, e eles saíram”.

O caso
No início deste mês, um grupo formado pelo jornal britânico The Guardian, a publicação israelense-palestina +972 Magazine e o jornal hebraico Local Call revelaram que a agência de vigilância militar israelense, batizada de Unidade 8200, estava utilizando o Azure para armazenar inúmeras gravações de chamadas telefônicas feitas por palestinos que vivem na Cisjordânia e em Gaza.

A empresa afirmou não ter conhecimento “da vigilância de civis ou da coleta de suas conversas telefônicas por meio dos serviços da Microsoft”. Segundo um porta-voz, com base em análises de documentos e entrevistas com dezenas de funcionários, “não encontramos nenhuma evidência até o momento de que o Azure e as tecnologias de inteligência artificial da Microsoft tenham sido usados para atingir ou ferir pessoas no conflito em Gaza”.

O protesto contra a Microsoft ocorre em meio a crescentes alertas de organizações como as Nações Unidas sobre “fome, desnutrição e doenças generalizadas” em Gaza. Israel enfrenta críticas da comunidade internacional e de organizações humanitárias pela aprovação de um novo plano de assentamentos na Cisjordânia que, segundo o ministro das Finanças israelense, Bezazel Smotrich, vai “enterrar” a ideia de um Estado palestino, e devido a uma nova ofensiva para tomar controle total da Cidade de Gaza, no norte do enclave.

Segundo autoridades locais, a ofensiva israelense em Gaza já deixou mais de 62 mil palestinos mortos desde outubro de 2023, além de ter deslocado a maior parte da população e gerado uma crise em que um em cada três dos 2,2 milhões de palestinos estão famintos, segundo a ONU.
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