Os bastidores da chegada de avião dos EUA usado pela CIA em Porto Alegre

 

Avião da US Air Force pousou em Porto Alegre na noite de terça (19) e causou muitas especulações

Malu Gaspar e Johanns Eller
Brasília e Rio – A chegada de um avião da Força Aérea dos Estados Unidos em Porto Alegre (RS) na última terça-feira (19) provocou um rebuliço nas unidades da Polícia Federal (PF) e da Receita Federal do aeroporto internacional Salgado Filho. E não só porque o Boeing 757-200, que também é utilizado em missões da CIA e das Forças Armadas americanas, não dispõe de qualquer identificação na fuselagem.

Segundo fontes da cúpula da PF ouvidas pela equipe do blog, nem a corporação e nem a Receita foram informadas sobre a chegada de um voo internacional à capital gaúcha na terça, embora o governo dos EUA tenha comunicado o Brasil sobre a chegada dos passageiros – funcionários consulares que atuarão em Porto Alegre, segundo a Embaixada americana.

Policiais federais e fiscais foram pegos de surpresa com o desembarque dos americanos, que foram encaminhados à imigração. A unidade da PF acionou a Superintendência do Rio Grande do Sul, que por sua vez precisou contatar o diretor-geral da Polícia Federal em busca de orientação sobre o que fazer com o voo misterioso.

Só depois de conferir a situação migratória e os passaportes dos diplomatas e funcionários públicos que desembarcaram a PF verificou que o Boeing, que pode ser rastreado por sites públicos e tem 45 assentos, pertencia à Força Aérea americana e dispunha de plano de voo que previa a aterrissagem em Porto Alegre e também no aeroporto internacional de Guarulhos (SP).

A aeronave deixou a base militar de Wrightstown, no estado americano de Nova Jersey, próximo à divisa com a Pensilvânia, na última segunda-feira (18). Antes de chegar ao Brasil, a aeronave fez escalas em Tampa, na Flórida, e em San Juan, Porto Rico. A chegada a Porto Alegre ocorreu às 17h13m de terça.

Após a liberação da Polícia Federal e da Receita, o avião embarcou para Guarulhos às 20h03m, onde aterrissou às 21h48m.

Conhecido como “Gatekeeper”, o avião teve sua rota acompanhada por entusiastas da aviação através de plataformas gratuitas antes mesmo de aterrissar na capital do Rio Grande do Sul.

Nas redes sociais, houve especulação sobre as razões do deslocamento da aeronave no contexto das tensões diplomáticas entre Brasília e Washington com o tarifaço sobre produtos brasileiros e a pressão do presidente Donald Trump para que a Justiça brasileira encerre os processos contra Jair Bolsonaro, investigado por golpe de Estado.

A ausência de identificação externa – apesar da sua matrícula 00-9001 ser conhecida – fomentou ainda mais a “mística” em torno da presença do avião no país, além das suas funções oficiais para a diplomacia e as Forças Armadas americanas.

Nos EUA, o sigilo mantido pelo governo em torno das atividades do Gatekeeper já foi base para teorias conspiratórias. Além disso, o avião atrai a curiosidade de entusiastas por já ter sido flagrado em bases restritas do Exército americano, como a Área 51, em Nevada.

Conforme mostrou O GLOBO, o Boeing 757 C-32B de matrícula 00-9001 pertence ao 150º Esquadrão de Operações Especiais da Força Aérea dos EUA. O avião costuma ser utilizado para o transporte de equipes de ação rápida do Departamento de Estado americano – como diplomatas, agentes de inteligência e militares de elite, além de operações especiais sigilosas.

Apesar do desencontro, porém, a ordem no governo Lula é tomar cuidado para não alimentar nenhuma versão conspiratória do episódio, especialmente em tempos de crise com o governo de Donald Trump.

O GLOBO – Edição: Montedo.com

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