Justiça gaúcha condena dois homens pelo @ss@ssïn@tø do “Tenente Vermelho”

 

Militar reformado do Exército, José Wilson da Silva foi morto em dezembro de 2021

Porto Alegre – Dois homens denunciados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) foram condenados nesta sexta-feira, 22 de agosto, pelo homicídio de José Wilson da Silva, de 89 anos, capitão reformado do Exército, conhecido como “Tenente Vermelho”. O crime ocorreu em Porto Alegre em dezembro de 2021.

Os dois réus foram responsabilizados por homicídio qualificado, por motivo torpe, dissimulação, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e pelo fato do crime ter sido cometido contra pessoa idosa. Um deles também foi condenado por furto qualificado. As penas aplicadas foram de 24 anos de reclusão para um dos réus e de 21 anos, 8 meses e 15 dias de reclusão para o outro, ambos em regime fechado.

O julgamento durou dois dias. A acusação no Tribunal do Júri foi conduzida pela promotora de Justiça Luciane Feiten Wingert, que denunciou cinco pessoas pelo crime em 2023. As outras três pessoas envolvidas no homicídio ainda serão julgadas.

Segundo a denúncia do MPRS, José Wilson da Silva foi morto em sua casa, na Capital. A cuidadora que trabalhava na residência da vítima facilitou a entrada de comparsas no imóvel durante a madrugada, sob a falsa alegação de um assalto. Um dos homens efetuou o disparo fatal, atingindo a vítima no abdômen. Após o crime, o celular da vítima foi subtraído e negociado por um dos envolvidos. Segundo o MPRS, o crime foi premeditado e motivado por interesses financeiros. A cuidadora, que também era companheira da vítima, teria planejado o homicídio com o objetivo de obter vantagens patrimoniais. Os demais envolvidos teriam participado mediante promessa de retribuição material.

A promotora Luciane Feiten Wingert ressalta que: “As condenações representam um passo importante na responsabilização dos envolvidos no crime, e o Ministério Público seguirá atuando para que todos os acusados sejam condenados pelo Tribunal do Júri. Além disso, o MP já entrou com recurso para aumentar as penas, pois entende que as aplicadas ficaram aquém da gravidade do crime.”

Relembre o caso
O capitão reformado do Exército José Wilson da Silva, conhecido como “Tenente Vermelho”, foi assassinado a tiros em Porto Alegre, na madrugada de 11 de dezembro de 2021, em Porto Alegre. Morto às vésperas de completar 90 anos José Wilson atuou na luta contra o regime militar e na resistência ao Golpe de 64. Dois homens entraram na residência do militar, no bairro Partenon, onde morava com a companheira e atiraram na vítima.

Quando jovem, Wilson ganhou o apelido de Tenente Vermelho por suas tendências de esquerda. Em abril de 1964, após o golpe militar, teve seus direitos políticos cassados. Só voltou ao Brasil com a anistia aos presos políticos, em 1979. Era também presidente da Associação de Defesa dos Direitos e Pró-Anistia dos Atingidos por Atos Institucionais, e liderança reconhecida nacionalmente, sempre presente nas atividades em defesa da Anistia.

Para comemorar o aniversário de 90 anos, Wilson pretendia reunir os amigos em uma churrascaria no bairro Santana. No convite enviado, escreveu que só festejava aniversário de 10 em 10 anos, e, que, portanto, estaria completando seu nono ano, na segunda-feira, dia 13. No entanto, acabou morto três dias antes.

Por ocasião de sua morte, o PCdoB emitiu nota lamentando a perda: “o seu exemplo frutificará nas nossas lutas e vitórias contra toda forma de opressão e exploração”.

Crime foi encomenda da companheira
A morte foi encomendada pela então companheira e cuidadora da vítima, que contratou uma quadrilha especializada em roubo de casas para executar Wilson. Ela e outras quatro pessoas foram indiciadas pelo homicídio e uma sexta pessoa foi indiciada por receptação, já que comprou o celular da vítima após o caso.

Cinco pessoas foram indiciadas por homicídio qualificado (por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima), roubo circunstanciado (por emprego de arma de fogo e concurso de mais de duas pessoas), além de associação criminosa. São elas: a companheira da vítima na ocasião; os três homens que teriam invadido a residência e matado a vítima, além da mulher que teria intermediado o contato entre a cuidadora e o grupo.
Com MP RS

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