A embarcação ampliará a capacidade da Marinha do Brasil em operações militares e ações humanitárias
A Marinha do Brasil (MB) assinará nesta quarta-feira (10/9) o contrato para a aquisição do navio de guerra HMS Bulwark, da Marinha Real Britânica. A embarcação será empregada em operações militares anfíbias e missões humanitárias.
A negociação foi formalizada durante a Defence & Security Equipment International United Kingdom (DSEI UK) 2025.
O HMS Bulwark possui 176 metros de comprimento, deslocamento de 18.500 toneladas e capacidade para até 710 militares. Mantém velocidade média de cerca de 34 km/h (18 nós) e oferece ampla capacidade de transporte de carga e pessoas.
O navio é capaz de transportar dezenas de veículos, incluindo ambulâncias e equipamentos de engenharia, prontos para reconstrução de infraestrutura em situações de emergência e apoio imediato a áreas afetadas por desastres. O navio conta com oito embarcações menores para resgate, transporte de pessoal e carga em regiões colapsadas, além de capacidade para o pouso de dois helicópteros de grande porte, essenciais para evacuação de feridos, transporte de carga e reconhecimento de áreas impactadas.
A embarcação possui centro cirúrgico, enfermaria e leitos para estabilização de feridos, além de capacidade para embarque de dois hospitais de campanha. Pode realizar evacuação de até 700 pessoas em situações de emergência, contribuindo de forma decisiva para a preservação de vidas em ações humanitárias.
A aquisição do navio representa um reforço estratégico para a Marinha e para o Brasil. O Bulwark se destaca pela capacidade de conduzir operações humanitárias, responder a calamidades públicas, apoiar a Defesa Civil e exercer suas funções tradicionais de projeção de poder. Além disso, será empregado na proteção da Amazônia Azul, região estratégica das águas jurisdicionais brasileiras, rica em recursos naturais e minerais.
As embarcações são conhecidas na Marinha Real Britânica por sua versatilidade e histórico em missões reais. No Líbano, durante o conflito com Israel em 2006, o navio evacuou 1.300 britânicos. Na Islândia, em 2010, durante a interrupção do tráfego aéreo provocada pela erupção do vulcão Eyjafjallajökull, transportou militares e civis. Na costa da Somália, em 2011, participou de operações contra a pirataria. Na costa da Líbia, em 2015, forneceu suporte médico inicial e alimentação a bordo no resgate de mais de 2.900 imigrantes.
De acordo com o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, a compra do HMS Bulwark é um marco no esforço na recomposição do núcleo do poder naval, e a embarcação deve contribuir no exercício da soberania em águas sob jurisdição do Estado brasileiro.
“A Marinha do Brasil reafirma, assim, seu compromisso com a ampliação da capacidade de presença em áreas de interesse e com a condição de eficiência adequada para atuar em diferentes cenários, seja em operações de defesa ou em apoio à população brasileira em situações de emergência, em especial nas respostas a desastres naturais e missões de assistência humanitária”, frisou o comandante.
Incorporação e treinamento
A Marinha do Brasil possui um Plano de Configuração de Forças (PCF) que estabelece prazos para a aquisição de meios navais. A compra do HMS Bulwark foi motivada pela necessidade de ampliar a capacidade da força, garantindo meios modernos e robustos para operações de projeção de poder, apoio humanitário e defesa da soberania, assegurando a plena operacionalidade de um navio multipropósito em curto prazo.
O HMS Bulwark está atualmente em Plymouth, na Inglaterra, passando por um processo completo de revitalização, que inclui modernização dos sistemas de comando e controle, atualização dos equipamentos de comunicação e revisão integral dos sistemas de propulsão e geração de energia. Os trabalhos prolongarão a vida útil do navio por pelo menos duas décadas, garantindo segurança operacional e adequação às demandas atuais da Marinha. A conclusão da revitalização está prevista para 2026.
Cerca de 48 militares brasileiros seguirão para o Reino Unido em setembro para treinamento e reconhecimento do navio. Em novembro, outros 44 militares receberão capacitação. Além do treinamento técnico, a tripulação participará de simulações e exercícios conjuntos, visando à plena operacionalidade do transporte. A previsão é que o navio passe a integrar a esquadra brasileira no próximo ano, quando será comissionado e trasladado para o Brasil.
*Estagiário sob supervisão de Rafaela Gonçalves
CORREIO BRAZILIENSE
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