Caberá ao ministro Alexandre de Moraes definir o local em que o ex-presidente cumprirá a pena de 27 anos e três meses de prisão
Marcela Mattos
Confirmada a condenação por tentativa de golpe e outros quatro crimes, o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda terá de definir o local em que o ex-presidente Jair Bolsonaro deverá cumprir a pena de 27 anos e três meses de prisão. São três possibilidades: o Complexo Penitenciário da Papuda, uma cela especial da Polícia Federal ou um alojamento do Exército – isso sem contar a possibilidade de ele ser autorizado a permanecer em regime domiciliar em decorrência de problemas de saúde.
Por ser capitão reformado do Exército, Bolsonaro tem direito a ficar sob a custódia militar. Diante dessa possibilidade, a cúpula da força já informou que tem uma dezena de salas prontas que podem abrigá-lo.
Todas as organizações militares têm os chamados alojamentos de estado maior, que costumam servir para eventuais necessidades de pernoite dos oficiais ou para receber aqueles que foram punidos em processos disciplinares. Os estabelecimentos têm cama, escrivaninha, armário, ar condicionado e banheiro. No caso das salas que já abrigam militares presos de maneira preventiva no processo da trama golpista, também foi autorizada a instalação de uma televisão.
Apesar de ter a estrutura sempre pronta, o Exército considera que o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, não determinará a prisão de Bolsonaro numa área militar – e torce para que a expectativa se confirme. O principal motivo é que o ex-presidente é acusado de tramar um golpe ao lado de oficiais e, conforme a avaliação interna, não faria sentido deixá-lo sob a custódia da instituição.
Além disso, teme-se por uma nova aglomeração diante dos Quartéis Generais, de onde saiu a turba que tomou a Esplanada e depredou as sedes dos três poderes no 8 de janeiro de 2023. A ordem do atual comandante, general Tomás Paiva, é para proibir qualquer tipo de manifestação na área militar. Ou seja, há o risco de a polícia do Exército ser acionada caso os apoiadores do ex-presidente resolvam fazer um desagravo a ele, o que tornaria o clima ainda mais conflagrado.
Ainda que seja essa a vontade, interlocutores da cúpula das Forças Armadas afirmam que não houve nenhum pedido para o ministro Alexandre de Moraes não encaminhar Bolsonaro para um estabelecimento militar. “A maior desmoralização é se a gente pedir para ele não ficar num quartel, e ele acabar indo para lá”, explica uma dessas fontes.
A avaliação entre os militares é que encaminhar Bolsonaro para um presídio comum, diferentemente do que aconteceu com o presidente Lula, seria um gatilho para aumentar ainda mais a polarização. Avalia-se ainda que a Polícia Federal, que trava um duelo com os fardados desde o início do governo, teria uma satisfação especial em receber o ex-capitão nem que seja por um curto período de tempo. Internamente, a transferência ao regime domiciliar já é dada como certa.
veja – Edição: Montedo.com
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