Esquadrão de Guerra Cibernética reforça capacidade de Defesa da Força no ambiente digital
Por Primeiro-Tenente (T) Rafaella Leal
Em 2025, os ataques cibernéticos apresentaram crescimento global de 21% no segundo trimestre, em comparação ao mesmo período do ano anterior, conforme relatório da Check Point Research. Além das ofensivas de hackers, destacam-se os impactos financeiros para as organizações. De acordo com a empresa Sophos Brasil, incidentes de “sequestro de dados” no País podem gerar custos estimados em R$ 2,1 milhões para recuperação.
Como medida de prevenção e defesa diante desse cenário, a Marinha do Brasil (MB) criou o Esquadrão de Guerra Cibernética (EsqdGCiber), sediado em Itaguaí (RJ), com o objetivo de reforçar a proteção no ambiente digital.
A cerimônia de ativação do EsqdGCiber ocorreu em 19 de agosto de 2025, na cidade-sede da nova organização. Subordinada ao Comando Naval de Operações Especiais, a unidade tem como missão contribuir para a condução das ações de guerra cibernética na MB.
Os relatórios de mercado e a constatação de vulnerabilidades em sistemas de comando e controle, comunicações e infraestrutura justificam o estabelecimento de uma unidade dedicada à Defesa no ciberespaço. Estudos e exercícios realizados desde 2004 mostraram a necessidade de uma estrutura capaz de coordenar ações ofensivas e defensivas no ambiente digital.
A Marinha vem acompanhando, no cenário mundial, o aumento de ataques de negação de serviço, tentativas de exploração de vulnerabilidades em sistemas de comando e controle, tentativas de espionagem cibernética e campanhas de desinformação voltadas contra instituições estratégicas.
A sofisticação das técnicas e a escala dos eventos exigem respostas coordenadas que envolvam detecção, bloqueio, investigação e, quando aplicável, contramedidas autorizadas pela legislação e pelos procedimentos da Força.
A Europa foi a região com o maior crescimento proporcional de ataques, segundo a Check Point Research, registrando alta de 22%. Setores como educação, governo e telecomunicações estão entre os mais visados, com destaque para o educacional, que sofreu média de 4.388 ataques semanais, um aumento de 31% em relação ao mesmo período de 2024. Além dos ataques recorrentes como “sequestro de dados”, a pesquisa aponta que a sofisticação das ações continua a se intensificar.
No Brasil, o levantamento também registrou crescimento nas tentativas de invasão. Foram em média 2.831 ataques semanais por organização, alta de 3% em comparação ao segundo trimestre de 2024. Embora o crescimento no País tenha sido mais contido, o volume absoluto evidencia uma pressão constante sobre as defesas cibernéticas locais. O cenário mostra que, diante de ameaças cada vez mais elaboradas, instituições públicas e privadas precisam reforçar suas estratégias de prevenção e resposta para reduzir riscos e impactos.
O EsqdGCiber foi concebido para detectar, identificar, rastrear e neutralizar ações hostis no ciberespaço. A unidade participará de treinamentos e exercícios integrados com meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais, assegurando que a dimensão cibernética esteja presente no planejamento e na execução das operações.
“A guerra cibernética tornou-se um domínio de combate indispensável, equiparado aos tradicionais domínios marítimo, terrestre, aéreo e espacial. No contexto naval, ela assegura a integridade das comunicações, preserva a coordenação de operações complexas e oferece vantagem estratégica em cenários assimétricos. Sem o domínio do espaço cibernético, nenhuma força moderna consegue garantir a plena eficácia de suas operações”, esclareceu o Comandante do EsqdGCiber, Capitão de Mar e Guerra Humberto Ferreira Ramos Junior.
Os dados deste ano sobre o aumento de ataques e seus impactos financeiros indicam uma mudança no perfil das ameaças e nos custos associados a incidentes cibernéticos. A criação e ativação do EsqdGCiber respondem a essa mudança, oferecendo um instrumento para reduzir risco operacional, proteger redes e sistemas da Marinha e coordenar ações defensivas e, quando autorizadas, ofensivas no ciberespaço.
A unidade atuará em conjunto com órgãos governamentais e parceiros internacionais, conforme diretrizes de política pública e acordos de cooperação, e manterá foco na formação de pessoal e na atualização tecnológica necessária para cumprir suas atribuições.

“Com a ativação do EsqdGCiber, a MB se alinha às principais Marinhas do mundo que incorporaram a guerra cibernética como componente central de suas operações. A unidade projeta a Força como ator relevante na defesa cibernética mundial, amplia sua capacidade de interoperabilidade em exercícios multinacionais e reforça o compromisso do País com a modernização e a proteção de suas forças no ambiente cibernético”, finalizou o comandante do Esquadrão.
Fonte: Agência Marinha de Notícias
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