Uso de drones provocou mudanças estruturais nos blindados a partir da guerra na Ucrânia

 

Armas tradicionais desde o início do século XX, os tanques de guerra evoluíram após apenas três anos de guerra na Ucrânia

Quando a Rússia invadiu a Ucrânia em 2022, as divisões de tanques militares dos dois lados pareciam muito com as da Guerra Fria. Agora, os tanques russos e ucranianos da era soviética avançam pelo campo de batalha cobertos por redes e armadilhas antidrone, correntes penduradas e gaiolas pesadas. As transformações externas desses veículos enormes comprovam a rapidez com que os drones mudaram a guerra na Ucrânia em pouco mais de três anos. Drones letais deixaram mísseis e artilharias tradicionais de lado.

A evolução dos tanques
As mudanças na blindagem começaram no início da guerra, depois que as forças ucranianas usaram mísseis antitanque fornecidos pelos Estados Unidos para atingir tanques russos diretamente de cima, perfurando pontos mais fracos na blindagem dos veículos.

Para conter os projéteis explosivos, as equipes de tanques russos começaram a montar gaiolas improvisadas acima de suas torres a fim de proteger os tanques das explosões. Outras unidades russas já tinham gaiolas em seus tanques, prevendo ataques vindos de cima.

Desde então, o campo de batalha mudou completamente. Agora, ele é controlado por drones pequenos e baratos com visão em primeira pessoa (FPV), que podem ser usados ​​como mísseis teleguiados. Em resposta, os tanques ucranianos e russos passaram por novas transformações para lidar com suas vulnerabilidades.

“Quando um drone atinge a rede, ele entra em curto-circuito e não consegue atingir o veículo”, disse Denis à AFP, comandante da brigada de engenharia de 27 anos. “Entramos na chamada guerra de drones”.

Quando bloqueadores de sinal passaram a ser usados para desativar os drones sem fio, surgiu um novo tipo de equipamento, guiado por cabo de fibra óptica. A partir dessa inovação, os tanques passaram a receber estruturas semelhantes a “espinhos”, para provocar o enroscamento dos cabos e continuar prevenindo a aproximação dos dispositivos.

Veja o histórico das mudanças:

Como tanques de guerra se adaptaram à era dos drones — Foto: Editoria de Arte

Desde que os tanques foram amplamente introduzidos para atravessar o campo de batalha bombardeado na Primeira Guerra Mundial, seus cascos e blindagens permaneceram praticamente os mesmos: a maior parte da proteção era montada na parte frontal do veículo, onde as equipes acreditavam que a ameaça se materializaria.

Com os pequenos drones guiados no campo de batalha na Ucrânia, a ameaça passou a vir de qualquer direção com um nível de precisão capaz de atingir pontos fracos na blindagem. As configurações raramente são uniformes e é difícil precisar quando essas mudanças na blindagem se generalizaram. Mas o crescimento desses novos tipos de proteção acompanhou a proliferação de diferentes tipos de drones, especialmente em 2023, quando os drones FPV se espalharam no campo de batalha.

Agora, os tanques são usados ​​em batalha muito menos do que em 2022. Para manter a relevância dos tanques, soldados russos e ucranianos os cobriram com diferentes configurações de blindagem como soluções improvisadas para táticas que mudam rapidamente.

Grande parte do desenvolvimento, seja em drones lançadores de bombas ou FPVs, veio da Ucrânia, quando Kiev enfrentou o exército muito maior de Moscou improvisando com armas mais baratas, mas igualmente mortais.

Os Estados Unidos enviaram tanques de batalha M1 Abrams, há muito tempo considerados os melhores de sua classe, para a Ucrânia no outono de 2023. Mas os tanques foram lançados na batalha sem a blindagem adequada para se defender contra drones.

Quando as tropas ucranianas perceberam que o tanque americano era suscetível às mesmas ameaças que seus antigos modelos soviéticos, elas começaram a adaptar o Abrams para o campo de batalha moderno.

A proteção adicional pode ter um custo: gaiolas, coberturas e mais blindagem fazem com que seja ainda mais difícil para as tripulações enxergarem através de suas pequenas escotilhas e janelas. Então, mecânicos ucranianos e russos continuam a mexer em seus dispositivos para manter os tanques na luta.

Atualmente, a linha de frente de 1.200 quilômetros da Ucrânia parece muito diferente de três anos atrás. Cabos de fibra óptica margeiam campos abandonados e drones caçam soldados a qualquer hora do dia. É extremamente perigoso movimentar veículos grandes, especialmente tanques. Um drone que custa centenas de dólares pode destruir rapidamente um tanque multimilionário.

Com uma ameaça maior do que há três anos, os tanques são usados ​​muito menos em batalha agora, enfrentando uma combinação entre a proliferação de drones e ameaças herdadas, como minas terrestres. Mas eles continuam importantes, especialmente para tentar tomar e manter territórios. Com seu grande poder de fogo, eles continuarão a desempenhar um papel no ataque, na defesa e no apoio à infantaria.
O GLOBO (The New York Times) – Edição: Montedo.com

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