Prévia da inflação fecha 2024 a 4,71%, acima da meta

Conhecida como a prévia da inflação, a taxa anual do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) foi de 4,71% em 2024. Apesar de ter sido superior à registrada em 2023 (4,72%), ficou acima da meta, de 3%, e do limite permitido, de 4,5%. Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta 6ª feira (27.dez.2024). Eis a íntegra (PDF – 319 kB).

O Banco Central é o responsável por estabelecer políticas para levar a inflação à meta. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, terá descumprido 3 das 6 metas de inflação de 2019 a 2024.

Em entrevista a jornalistas em 19 de dezembro, Campos Neto disse que nenhum banco central do mundo cumpriu a meta de inflação em 2024. Ao ser questionado sobre a meta de inflação, ele respondeu: “Tem alguns países da Ásia que tiveram efeito inflacionário bem menor na pandemia, que estão mais estáveis, mas, em geral, nenhum país cumpriu a meta”.

A meta de inflação é definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), que é composto por:

  • Roberto Campos Neto, presidente do BC;
  • Fernando Haddad, ministro da Fazenda;
  • Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento.

O ano de 2024 será o último que o objetivo da inflação terá como referência o acumulado de 12 meses até dezembro. A nova meta é contínua e estabelece que haverá um descumprimento quando a taxa ficar fora do intervalo permitido por mais de 6 meses, mas a norma só vale a partir de janeiro de 2025.

O CMN estabeleceu uma meta de inflação de 3% para 2024. Há uma margem de tolerância: de 1,5% para 4,5%. Acima deste patamar, o BC terá que se explicar publicamente.

Campos Neto deverá deixar o Banco Central com metade das metas cumpridas. Caso as estimativas dos agentes financeiro se cumpram, o presidente será o que mais publicou cartas para explicar a inflação fora da meta. Serão 3 ao todo: 20212022 e 2024. O Brasil e os países sofreram com um ciclo de inflação mais alta depois dos estímulos fiscais e monetários adotados durante a pandemia de covid-19.

HISTÓRICO DE EVENTOS

Campos Neto teve eventos favoráveis e contrários à política monetária durante a gestão. Eis alguns destaques, separados por cada ano:

  • 2022
    • Guerra entre Ucrânia e Rússia;
    • Barril do petróleo supera US$ 120 em março;
    • Eleições 2022: país elege Lula.
  • 2023
    • Críticas do governo à política monetária de Campos Neto e ao regime de meta;
    • Início da guerra entre Hamas e Israel;
    • indicações de diretores testam a autonomia do BC;
    • Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) aumenta os juros para o intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano, patamar que ficou até setembro de 2024;
    • Governo derruba teto de gastos e cria nova regra fiscal;
    • reforma tributária é aprovada no Congresso.
  • 2024
    • Marco fiscal é flexibilizado com metas menos rígidas;
    • CMN (Conselho Monetário Nacional) estabelece meta contínua de inflação de 3%;
    • Donald Trump é eleito presidente dos EUA;
    • Mesmo com taxa Selic acima de 2 dígitos desde fevereiro de 2022, a taxa de desemprego atingiuo menor patamar da série histórica, iniciada em 2012;
    • Governo apresenta pacote fiscal considerado pouco ambicioso pelos agentes financeiros.

HISTÓRICO DAS CARTAS

Campos Neto foi o 5º chefe da autoridade monetária brasileira a ter que dar explicações para o descumprimento da meta de inflação. Armínio Fraga, Henrique Meirelles, Alexandre Tombini e Ilan Goldfajn também tiveram que encaminhar um documento ao Ministério da Fazenda com as justificativas.

Os limites estabelecidos para as metas de inflação já foram rompidos em outras 7 ocasiões. Eis as cartas já feitas:

  • 2001 (carta feita em janeiro de 2002 sobre inflação de 2001);
  • 2002 (carta feita em janeiro de 2003 sobre inflação de 2002);
  • 2003 (carta feita em fevereiro de 2004 sobre inflação de 2003);
  • 2015 (carta feita em janeiro de 2016 sobre inflação de 2015);
  • 2017 (carta feita em janeiro de 2018 sobre inflação de 2017);
  • 2021 (carta feita em janeiro de 2022 sobre inflação de 2021);
  • 2022 (carta feita em janeiro de 2023 sobre inflação de 2022);

Apenas em 2017, durante a gestão Ilan Goldfajn, que a inflação terminou o ano abaixo do intervalo permitido. Na ocasião, o então presidente do Banco Central afirmou que a queda no preço de alimentos em domicílio pressionou o índice para abaixo do piso. O taxa do IPCA ficou acima do teto da meta em 2001, 2002, 2003, 2015, 2021 e 2022.

O regime de metas de inflação foi criado em 1999 no país. Os percentuais são estabelecidos pelo CMN. Atualmente, é composto pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

A autoridade monetária adota as medidas necessárias para alcançar o índice determinado, como alterar a taxa básica de juros, a Selic. A meta tem um intervalo de tolerância, atualmente de 1,5 ponto percentual. Acesse aqui o histórico.