SÉRIE: A VERDADEIRA HISTÓRIA DO CLUBE BILDERBERG (15/MUITAS)

A conspiração dos Rockefeller e a Comissão Trilateral

Independentemente de seu preço, a Revolução da China teve um êxito evidente não só na hora de criar uma administração mais eficaz e dedicada, mas também na hora de fomentar uma moral alta e um propósito comum […] o experimento social efetuado na China sob o mandato do presidente Mao é um dos êxitos mais importantes da história da humanidade.

DAVID ROCKEFELLER (1973)

Toronto, lar de mais de cinco milhões de pessoas, é o maior centro financeiro do Canadá e o quarto maior da América do Norte. Só Nova Iorque, Chicago e Los Angeles são mais importantes em nível financeiro. É a sede da Bolsa de Toronto, a terceira de América do Norte em valor negociado, a nona do mundo e a única da América do Norte com um sistema de cotação e comércio, completamente computadorizado. As leis de Toronto e Canadá se apoiam na lei britânica e no sistema parlamentário inglês. A menos de uma hora de carro de Toronto, encontra-se a maior concentração de indústria e fabricantes automobilísticos de todo o Canadá. Toronto conta além, com o único castelo de verdade de toda a América do Norte, uma construção magnificamente ereta sobre uma colina com vistas ao centro da cidade, conhecido como o castelo Casa Colina.

O Canada Trust Tower, no centro do distrito financeiro de Toronto, uma versão reduzida do famoso Wall Street de Nova Iorque, é um dos arranha-céus mais característicos da cidade, uma estrutura de cinqüenta e três pisos; duzentos e sessenta e um metros de altura, construída em 1990, pelo famoso arquiteto espanhol Santiago Calatrava.

A trinta e cinco quilômetros a noroeste do centro de Toronto está o CIBC Leadership Centre, em King City, a sede da conferência Bilderberg de 1996. O centro CIBC está, de fato, fora de King City, no King Township, uma região de grandes e exclusivos criadores de cavalos, na qual se acolhe aos membros da família real britânica, quando visitam o Canadá. Este maravilhoso centro, propriedade de um dos maiores bancos canadenses – Canadian Imperial Bank of Commerce – localiza-se sobre cinco quilômetros de atalhos naturais, que atravessam bosques e colinas. Não é de surpreender que os bilderbergers se decidissem por este seleto lugar.

Os meios e agências de notícias de Toronto foram postos sobre aviso desta reunião por uma série de faixas, chamadas e memorandos que mandamos, Jim Tucker e eu mesmo, especialmente depois que soubemos, por fontes internas à reunião, que a conferência de 1996 utilizaria como cenário para tratar a iminente fragmentação do Canadá, através de uma Declaração Unilateral de Independência, em Quebec, a princípios de 1997. O objetivo era fracionar o Canadá para facilitar uma União Continental com os Estados Unidos por volta do ano 2000. Este objetivo teve que se pospor até 2005 e depois até 2007. Como regra geral, as reuniões Bilderberg jamais se mencionam na imprensa, pois a imprensa generalista é propriedade dos bilderbergers. Este véu de secretismo foi rasgado em 30 de maio de 1996, o primeiro dia da conferência, por um artigo na primeira página de um dos periódicos de maior circulação e prestígio do Canadá, o Toronto Star.

Sob o título “Black acolhe a líderes mundiais”, John Deverell, um jornalista da seção de negócios do periódico, sublinhou que não só o editor canadense, lorde Conrad Black, tinha devotado duzentos noventa e cinco milhões de dólares para fazer-se com o controle da maior cadeia de periódicos canadenses, mas, além disso, “… agora é o anfitrião de uma reunião de quatro dias, fortemente protegida por guardas, a que acodem líderes mundiais e monarcas ao norte de Toronto”. Deverell nomeou a alguns dos 100 assistentes escolhidos a dedo de todo o mundo, extraídos da lista que Tucker e eu lhe subministramos.

Esta foi a primeira vez, na história das conferências Bilderberg, em que um periódico importante lhes dedicou sua atenção. Habitualmente as reuniões Bilderberg nem sequer se mencionam nos grandes meios. Os bilderbergers não estão acostumados a ter que dar explicações a ninguém, especialmente dado que alguns de seus membros controlam importantes periódicos, cadeias de periódicos e agências de notícias.

Mas a conferência de 1996 não foi uma conferência comum, nem o Canadá é um país qualquer. Quando os principais meios começaram a confirmar a informação através de suas fontes privadas e governamentais, ficou imediatamente claro que o Canadá, um dos estados mais ricos e belos do mundo, seria sem piedade trociscado pelos bilderbergers e pela Nova Ordem Mundial. Os bilderbergers deveriam ter sabido que, quando o que está em jogo é a própria liberdade, a mera posse dos meios não pode impedir que os editores, corretores, articulistas, assistentes e jornalistas de investigação da televisão, rádio e da imprensa escrita difundam a verdade entre o público. O que os bilderbergers tinham considerado meramente uma fuga se converteu rapidamente em uma inundação e logo em uma avalanche que se levou a todo o mundo dali por diante. Só na conferência de 1999 em Sintra, Portugal, relaxaram os bilderbergers as extremas medidas de segurança que impuseram atrás de sua maior derrota: a conferência de Toronto. Às 7:45 da manhã de 30 de maio de 1996, o legendário locutor de 680-NEWS Dick Smythe, o mais seguido na área metropolitana de Toronto, emitiu o seguinte relatório, que foi irradiado, a intervalos regulares, como parte de suas notícias: “Bem, isto parece o roteiro de um filme de conspirações, no qual os importantes e poderosos do mundo se reúnem em segredo. Conrad Black celebra sua conferência Bilderberg anual. Passo à Karen Parons, repórter de 680…” em torno de cem notáveis, entre eles os reis da Holanda e Espanha, Henry Kissinger, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, William Perry e nosso Primeiro-ministro reuniram-se para a conferência. Também vieram os presidentes da Ford, da Xerox, do Bank of Commerce e Reuters.

Black diz que estão proibidos os jornalistas para que os debates sejam íntimos e sinceros. Diz que “as discussões podem ser bastante acaloradas”. Exige-se aos participantes que prestem voto de silêncio. A conferência do ano passado se celebrou em três hotéis de luxo nos cumes das montanhas suíças. Este ano se celebra em um balneário de luxo de sessenta milhões de dólares no King City.

A imprensa canadense também distribuiu um breve relatório sobre o até então secreto encontro, que foi publicado hoje, entre outros periódicos, pelo Toronto Sun, que conta com mais de trezentos e cinqüenta mil assinantes. A liberdade e sua perda… às vezes não penso nela durante os intervalos de nosso destino. O que estou fazendo perseguindo a essa gente por todo mundo? O que é o que procuro?

Tem que haver uma forma mais simples de ganhar a vida… mas o devo a meu pai. Em 19 de abril de 1975 foi a última vez que vi meu pai vivo, um homenzarrão em bata e sapatilhas. Da fotografia olham-me meus olhos desesperados, os olhos de um menino de nove anos, assustado, incapaz de imaginar, de compreender, não suficientemente grande, para me pôr no lugar deste homem barbudo, que só umas horas antes me abraçava, mas que agora se foi.

Os médicos opinaram pela morte clínica de meu pai dezessete dias depois, em 6 de maio de 1975. Foi um cientista famoso, um homem de grande dignidade e honra; que passou a vida inteira lutando, pelo direito dos homens de dizerem o que pensam. Possivelmente isso não pareça algo extraordinário, em qualquer país em que a liberdade de expressão forme parte fundamental da estrutura básica da sociedade, mas não era assim na velha ditadura da União Soviética. Meu pai sobreviveu dezessete dias de tortura brutal, dezenove horas de dores diárias cada um desses dias. Trezentas e vinte e três horas de sofrimento desumano provocadas pela Polícia Secreta soviética. Esmagaram-lhe os testículos, romperam-lhe a mão direita em oito locais e sofreu uma perfuração em um pulmão, como consequência dos golpes que lhe davam cinco bestas que o surraram. Eu gostaria de dizer que se manteve firme, que não se ouviu nem um suspiro, que riu de seus torturadores, que…

Será que minha obsessão é um eterno e fútil esforço de mudar a direção em que avanço no tempo, de caminhar para trás ao passado entrincheirado, em lugar do mutável futuro, com a intenção de liberar aquele homem daquele sofrimento injusto? Mas, por mais que o tente, não conseguirei lhe alcançar.

Em 1 de junho, “Big” Jim Tucker e eu, junto com um pequeno grupo de ativistas em tempo parcial, celebramos o que se convertia em um êxito extraordinário. Todos os grandes periódicos do país queriam entrevistar-nos, as cadeias de televisão procuravam constantemente novas notícias e as cadeias de rádio seguiam-nos por toda a cidade. Reuníamo-nos na Horseshoe Tavem do Queen Street.

Antes, nesse mesmo dia, recebi uma chamada, de uma de minhas fontes, que me pediu que nos víssemos urgentemente antes das reuniões do dia seguinte.

Ficamos na Galeria de Calatrava, junto ao Trust Tower, um dos lugares menos suspeitos de toda Toronto, devido a sua imensidão e às enormes quantidades de turistas que passam por ali, fotografando e gravando em vídeo a principal atração arquitetônica de Toronto.

Cheguei ali cruzando o Mercado de Kensington, equivalente ao que seria em Madrid o Rastro. Ao dobrar a esquina vi meu contato folheando os periódicos, em um quiosque, com uma bolsa de plástico na mão esquerda e uma revista enrolada na direita. Depois de um breve cruzamento de olhares e sem que déssemos amostras de reconhecer ao outro, movi-me silenciosamente para a entrada da torre, onde um amigo, que trabalhava no mercado imobiliário, conseguira-me uma sala, em um dos últimos pisos do edifício, com uma vista maravilhosa à cidade. Subi em um elevador, olhando nervosamente atrás de mim. Meu contato me seguiu cinco minutos depois. Tínhamos conseguido muito nos últimos dias. Por uma vez, tínhamos ganho claramente a mão aos Bilderbergers. A cobertura mediática tinha sido tremenda e Kissinger estava muito zangado, o que era bom sinal. Os planos para a iminente desagregação de meu país de adoção foram temporariamente postergados. Que mais se poderia ter obtido em tão pouco tempo? Mesmo assim, eu sabia que se tratava só de uma vitória temporária. Aquela gente voltaria e teria aprendido a lição, queria esmagar toda resistência, reger o mundo sem o consentimento deste, pela força das armas ou do pão.

A duzentos e quarenta metros sobre o chão, a cidade estava quieta. As janelas me isolavam dos sons da urbe. Nesse momento me senti como se olhasse de dentro para fora. Serviria para algo tudo aquilo? Compreenderíamos que nos enfrentávamos um perigo iminente?

Um discreto golpe na pesada porta de madeira interrompeu meus pensamentos.

─ Passe – disse, apenas elevando a voz.

Minha fonte, que levava luvas de pele, cruzou lentamente a soleira, que separava o nu corredor da decoração art deco da suíte. Moveu-se instintivamente para a janela, contemplando momentaneamente a extraordinária vista da área em que o centro de Toronto se encontra com o lago.

─ Desta vez lhes pararam – disse a fonte, sopesando cada sílaba como se uma pequena alteração no registro pudesse mudar o significado. – A desagregação do Canadá segue em marcha. Só é questão de tempo.

─ Possivelmente – disse – ou por hora tudo está bem e assim seguirá até o próximo encontro. Possivelmente, para então uns quantos deles morram de velhos ou por acidentes ou causas fortuitas.

─ Fortuitas? Fortuitas para quem? – respondeu a fonte. Da revista que mantinha ferreamente agarrada tirou uma série de notas manuscritas, garranchos que eu depois seria capaz de decifrar sozinho.

─ Acreditei que não se permitia tomar notas – disse, sorrindo de orelha a orelha.

─ Tomar notas não se recomenda, amigo – Corrigiu-me.

Dei uma olhada à página. Poderia decifrá-la. Conhecia muito bem essa letra: os “t” apenas riscados e os “r” retorcidos, tudo diligentemente escrito nos limites de um papel pautado. Refleti um instante sobre o que aquele valente arriscava ao reunir-se comigo e me entregar essa valiosíssima informação. Por que não havia mais pessoas como ele no mundo? Possivelmente haja, só que não sabemos da luta que mantêm silenciosamente a milhares de quilômetros de nós.

─ Devo ir – disse-me lentamente a fonte sem levantar o olhar.

Estendi mecanicamente minha mão aberta em direção da fonte. Justo quando ia encaixar sua mão na minha, equilibrei-me sobre ele e dei-lhe um abraço de urso.

─ Não lhe farei perder tempo agradecendo-lhe, porque nenhum agradecimento será suficiente para compensar o que tem feito por nós.

A fonte levantou o olhar.

─ Devo ir.

─ Iremos como entramos – disse – Com um intervalo de cinco minutos.

Eu irei primeiro.

─ Não se preocupe, deixei meu carro no estacionamento subterrâneo.

Podemos descer juntos no elevador.

A fonte ajustou suas luvas de pele e apertou o botão do elevador. A luz azul brilhou através da superfície transparente. Pude ouvir o som sibilante do elevador hidráulico acelerando desde as vísceras do edifício a seis pisos por segundo.

─ Quando voltarei a lhe ver?

Soou a campainha e as portas se abriram. Dei um passo adiante para entrar no elevador.

─ Cuidado! – Gritou a fonte, agarrando-me com força o braço e atirando-me para trás.

Olhei mecanicamente para o elevador. Em frente a mim se abria o assustador vazio do vão do elevador, duzentos metros de queda e a morte seria o meu destino se a fonte não me houvesse afastado do abismo. Estremeci-me. Um calafrio subiu pela minha coluna vertebral.

─ O chão – murmurei – onde está o chão?

─ Temos que sair daqui agora mesmo! – disse a fonte – Alguém manipulou o sistema. Esperavam-lhe! Escute. Não tome o elevador. Não é seguro. Desça pelas escadas e chame à polícia. Quando chegarem aqui, aproveitarei o momento e descerei pelo elevador até a garagem. Rápido! Vá agora mesmo!

Desci os degraus de dois em dois agarrando-me ao corrimão e aproveitando a inércia para girar mais rapidamente. Meu coração pulsava alocadamente, como conseqüência de ter estado a beira da morte e de tratar de descer duzentos metros o mais rápido possível. Num dos andares de baixo pude ouvir a travada voz de um guarda de segurança imigrante que subia as escadas em minha direção.

─… er, …ter, …o senhor, está bem? O que aconteceu? Chamaram-me pelo intercomunicador do segundo andar… alguém fez com que o elevador parasse manualmente… só se pode fazer isso numa emergência…

Agarrei-lhe pelo braço.

─ Por favor, chame à Polícia, o mais rápido possível – disse-lhe.

O homem tirou seu walkie talkie e pude ouvir que alguém lhe respondia.

Continuei correndo. Cinco, quatro, três, dois, um… cheguei ao solo. Abri as pesadas portas de metal que conduziam ao vestíbulo principal do edifício. Fora já tinham estacionados dois carros de polícia e começavam a reunir os primeiros curiosos do outro lado das portas giratórias.

─ É você o homem que ficou preso no elevador? – perguntou o oficial de polícia de Toronto apontando-me com o indicador no coração.

─ Não exatamente – murmurei, sacudindo a cabeça com incredulidade – Eu estive a ponto de entrar num elevador ao qual faltava uma parte, quer dizer, o chão.

O policial deixou escapar uma exclamação. Seu companheiro, baixo, de traços marcados, bigode recortado e pulso peludo se interessou:

─ Sabe, filho, tem muita sorte de estar vivo. Só os cegos sobrevivem a estas situações. Um cego jamais entraria em um elevador sem assegurar-se primeiro de que o piso estivesse ali. Nós, entretanto, supomos sempre que está. Por isso é um milagre que tenha sobrevivido. Quando a máfia quer encarregar-se de alguém, este é um de seus métodos favoritos.

Era 1 de junho de 1996. Estava a ponto de fazer trinta anos. Era muito jovem para morrer. Dei ao agente, que me olhava incrédulo de vez em quando, todos os detalhes. O guarda de segurança me perguntou outra vez se estava bem.

Várias pessoas na calçada recordaram ter visto um homem robusto, de uns quarenta anos, sair do edifício cinco minutos antes de que chegasse a polícia. Chegou uma caminhonete de polícia e dois agentes em motocicletas. O espetáculo tinha começado.

Sem dúvida, o Clube Bilderberg é o foro à sombra do poder mais importante que existe, mas também a Comissão Trilateral, uma entidade pouco entendida, desempenha um papel fundamental no esquema da Nova Ordem Mundial e sua vontade de conquista global, como vou explicar neste capítulo.

A Comissão Trilateral foi criada em 1973. Seu fundador e principal impulsor foi o financista internacional David Rockefeller, por longo tempo presidente do Chase Manhattan Bank, instituição controlada pela família Rockefeller. O primeiro encontro teve lugar em Tóquio, de 21 a 23 de outubro de 1973. Sessenta e cinco pessoas pertenciam ao grupo americano. Deles, 35 tinham relações entre cruzadas com o CFR.

 

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