O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, confirmou em depoimento à PF (Polícia Federal) que cartões corporativos da Presidência da República foram utilizados para o pagamento de despesas pessoais durante o governo do ex-presidente.
A informação faz parte do acordo de colaboração premiada firmado por Cid com a PF, no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022. O depoimento, que estava sob sigilo, foi tornado público na manhã desta quarta-feira (19.fev.2025). Eis a íntegra do depoimento (PDF — 4 Mb).
USO DOS CARTÕES CORPORATIVOS PARA DESPESAS PESSOAIS
Segundo relatório da PF, Cid afirmou que os cartões corporativos da Presidência da República foram utilizados para custear despesas pessoais do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua família. Cid, responsável pelos pagamentos, revelou detalhes do esquema, incluindo saques em dinheiro e repasses diretos para a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
COMO OS PAGAMENTOS ERAM FEITOS
De acordo com Cid, os cartões eram raramente usados para compras diretas. Em vez disso, ele realizava saques no caixa do banco e quitava contas de serviços, como água, luz e condomínio, diretamente na agência bancária. Já as despesas pessoais, como cabeleireiro e alimentação, eram pagas em dinheiro em espécie.
No depoimento, ele relatou que a assessoria de Michelle Bolsonaro solicitava regularmente valores entre R$ 300 e R$ 400, que ele sacava e entregava. Os montantes eram armazenados em um cofre na Ajudância de Ordens, onde assessores registravam os pagamentos.
“A assessoria mandava mensagem para o colaborador [Cid] para retirar R$ 300,00, R$ 400,00 para pagamentos dessas despesas diárias; então, o colaborador [Cid] sacava o dinheiro da conta do presidente e depositava”, diz o relatório da PF.
USO DOS CARTÕES EM VIAGENS E EVENTOS
Cid também afirmou que os cartões corporativos eram utilizados para cobrir despesas da equipe presidencial durante viagens oficiais. Um grupo de funcionários, chamados de “ecônomos”, administrava os pagamentos de alimentação, hospedagem e combustível.
Além disso, as “motociatas” promovidas por Bolsonaro exigiam compras específicas, incluindo motocicletas e custos de transporte.
No Palácio da Alvorada, a aquisição de alimentos não passava por licitação, sendo realizada diretamente por meio do cartão corporativo. O controle desses gastos ficava a cargo de Francisco, conhecido como ‘Pastor Francisco’, marido de uma amiga da ex-primeira-dama.
DEPÓSITOS E CARTÕES EM NOME DE TERCEIROS
Além dos pagamentos regulares, Cid afirmou que realizava depósitos na conta de Michelle Bolsonaro a pedido de sua equipe. Os maiores valores eram destinados a “Dona Helena”, tia da ex-primeira-dama, que recebia R$ 2.840 por mês para cuidar da filha mais nova do casal.
“O colaborador [Cid] retirava o dinheiro e depositava na conta da pessoa para efetuar o pagamento; que os gastos maiores eram destinados a ‘Dona Helena’, tia da primeira-dama, que cuidava da filha mais nova do ex-presidente Jair Bolsonaro; que desconhece se há contrato ou formalização de emprego; que os pagamentos mensais para ‘Tia Helena’ eram de R$ 2.840,00”, diz o documento da PF.
Outra prática identificada foi o uso de um cartão de crédito adicional em nome de Rosimary, funcionária do Senado, que era utilizado por Michelle Bolsonaro para despesas pessoais. Cid afirmou que chegou a alertar sobre o risco de a prática ser interpretada como “rachadinha”, mas foi instruído a continuar efetuando os pagamentos.
CONTROLE DA CONTA PRESIDENCIAL
Mauro Cid disse que era o único responsável pelo gerenciamento da conta bancária de Jair Bolsonaro. Apenas ele e o ex-presidente tinham acesso aos registros financeiros e ele estava “apenas cumprindo a sua função como ajudante de ordem que era atender as necessidades da ex-primeira-dama”. Cid também disse que a conta dos cartões não recebeu dinheiro de terceiros e entrava dinheiro “apenas remuneração relativas à presidência e ao exército”.
O ex-ajudante também disse que alguns valores pequenos foram depositados na conta em um período, por meio de Pix, por conta de um vazamento do CPF de Bolsonaro. Para evitar movimentações externas, o número da conta foi alterado após vazamentos de informações.
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