A defesa de Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, deu um passo ousado ao protocolar duas ações na Justiça dos Estados Unidos em 23 de janeiro de 2025, poucos dias após a posse de Donald Trump. O objetivo é investigar uma suposta fraude no sistema de imigração americano, que teria registrado de forma equivocada a entrada de Martins no país em 30 de dezembro de 2022. Esse dado foi usado como base para sua prisão pela Polícia Federal (PF) em fevereiro de 2024, sob a alegação de que ele poderia fugir do Brasil.
A operação Tempus Veritatis, que resultou na detenção de Martins por seis meses, apontou-o como suspeito em investigações relacionadas ao governo Bolsonaro, mas a defesa contesta veementemente a veracidade desse registro. Segundo os advogados, há indícios de que investigadores brasileiros podem ter inserido informações fraudulentas no sistema americano para embasar a prisão.
A iniciativa nos EUA busca acessar os registros completos de entrada e saída de Martins, incluindo metadados que revelem quem manipulou os dados, além de abrir uma investigação criminal sobre o caso. A ação ocorre em um momento estratégico, aproveitando a mudança recente na administração americana, e reflete a confiança da defesa em esclarecer os fatos.
Contexto da Prisão e Provas Contrárias
Filipe Martins permaneceu preso preventivamente de fevereiro a agosto de 2024, período em que sua equipe jurídica trabalhou para desmontar a tese da PF. A corporação afirmava que ele estaria entre os passageiros de um voo presidencial que deixou Brasília rumo a Orlando, nos EUA, em 30 de dezembro de 2022, com base em informações obtidas em um arquivo editável no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Contudo, a defesa apresentou provas robustas, como bilhetes aéreos de um voo de Brasília a Curitiba em 31 de dezembro de 2022, recibos de Uber e registros de geolocalização do celular de Martins, indicando que ele nunca saiu do Brasil nesse período.
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Além disso, o sistema de imigração americano corrigiu posteriormente a data da última entrada de Martins para 30 de agosto de 2019, contradizendo a versão inicial usada pela PF. A suspeita de fraude ganhou força quando se constatou que o passaporte citado no registro de 2022 havia sido perdido por Martins em 2021, conforme boletim de ocorrência. A defesa alega que agentes da PF podem ter acessado ilegalmente o sistema do Departamento de Segurança Interna (DHS) dos EUA, violando normas internacionais, para justificar a prisão. Esse cenário levantou questionamentos sobre a condução da investigação no Brasil e motivou a busca por respostas no exterior.
Desdobramentos e Implicações Jurídicas
As ações movidas nos EUA ampliam o alcance do caso, trazendo implicações que vão além da situação de Filipe Martins. A primeira delas solicita a liberação integral dos registros de viagem de Martins no Customs and Border Protection (CBP), incluindo logs que identifiquem quem acessou ou alterou os dados.
A segunda, uma “criminal complaint”, pede a abertura de uma investigação criminal para apurar a suposta manipulação, o que pode resultar em penalidades severas se confirmada a violação do sistema americano. A defesa também prepara uma denúncia contra agentes da PF, acusando-os de infringir o Título 18 do Código dos EUA, que proíbe acesso não autorizado a bancos de dados federais. Esse movimento foi incentivado por contatos no governo americano, incluindo recomendações de figuras como Donald Trump e Marco Rubio, atual secretário de Estado.
No Brasil, a PF mudou sua narrativa após as provas da defesa, sugerindo que Martins teria forjado uma saída do país para confundir as autoridades – uma tese considerada absurda pelos advogados. O caso expõe fragilidades na cooperação internacional e levanta debates sobre a confiabilidade de informações usadas em investigações criminais, podendo impactar a credibilidade das instituições envolvidas. A tramitação nos EUA, agora sob uma administração alinhada a Bolsonaro, pode acelerar os desdobramentos.
Perspectivas para o Futuro do Caso
A iniciativa da defesa de Filipe Martins nos Estados Unidos sinaliza uma nova fase na disputa jurídica que cerca o ex-assessor de Bolsonaro. Com a investigação criminal em curso, o caso pode trazer à tona não apenas a verdade sobre os registros de imigração, mas também eventuais abusos de autoridade na condução das apurações no Brasil.
A expectativa é que os tribunais americanos analisem rapidamente os pedidos, dada a influência de aliados de Trump no governo atual, o que poderia beneficiar Martins na comprovação de sua inocência. No Brasil, a resolução do caso pode pressionar a PF e o Supremo Tribunal Federal (STF) a revisarem os métodos empregados na operação Tempus Veritatis, especialmente diante das evidências que contradizem a prisão de Martins. Para os advogados, o esclarecimento da suposta fraude é essencial para reparar os danos sofridos por seu cliente, preso por seis meses com base em informações questionáveis.
Enquanto as ações tramitam, o caso mantém-se como um ponto de tensão entre Brasil e EUA, com potencial para influenciar as relações jurídicas bilaterais. A defesa segue confiante de que a verdade prevalecerá, mas o desfecho dependerá da cooperação internacional e da disposição das autoridades americanas em expor eventuais irregularidades.
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