Inquérito das Fake News chega a seis anos em segredo no STF

O inquérito das fake news, conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), alcançou a marca de seis anos de tramitação sob sigilo, consolidando-se como uma das investigações mais longas e controversas da Corte. Iniciado em 14 de março de 2019, por decisão do então presidente do STF, Dias Toffoli, o procedimento tem como objetivo apurar a disseminação de notícias falsas, ameaças contra ministros e seus familiares, além de possíveis crimes relacionados à desinformação.

A relatoria do caso está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, que, em dezembro de 2024, anunciou a prorrogação das investigações por mais 180 dias, adiando o prazo final para além de março de 2025. A decisão de Toffoli, tomada de ofício, ou seja, sem solicitação externa, gerou debates jurídicos intensos, especialmente pela ausência de um pedido formal do Ministério Público ou da Polícia Federal, o que é incomum em inquéritos tradicionais. Desde sua abertura, o caso foi marcado por sucessivas extensões de prazo, com a justificativa de que novas diligências são necessárias para esclarecer os fatos. Atualmente, o foco das apurações está na investigação do chamado “gabinete do ódio”, uma suposta estrutura que teria operado no Palácio do Planalto durante o governo de Jair Bolsonaro, voltada para a produção e disseminação de conteúdos falsos contra adversários políticos e instituições, incluindo o próprio STF. A prorrogação mais recente incluiu a determinação de que mais de 20 pessoas sejam ouvidas, além da análise de quebras de sigilo bancário e fiscal, evidenciando a complexidade e a extensão do caso.

A Corte decidiu agir de forma proativa, instaurando o procedimento sem depender de órgãos externos, uma medida que, embora respaldada pelo plenário do STF em 2020, foi criticada por juristas e setores da sociedade por supostamente violar princípios do sistema acusatório brasileiro, no qual o Judiciário não deveria iniciar investigações por conta própria. O inquérito, identificado pelo número 4781, foi inicialmente concebido para proteger a instituição e seus membros, mas acabou se expandindo para abarcar questões mais amplas, como a organização de redes de desinformação e o financiamento de campanhas difamatórias.

Um dos alvos centrais das investigações é o “gabinete do ódio”, termo que designa um grupo de assessores e influenciadores digitais que, segundo as apurações, teriam coordenado ações para desestabilizar instituições democráticas. Além disso, o caso envolve a análise de milhares de documentos, mensagens e transações financeiras, o que explica, em parte, a demora para sua conclusão. A decisão de manter o inquérito em sigilo também tem sido alvo de controvérsias, uma vez que impede o acesso público a informações sobre o número de suspeitos, os alvos específicos e o alcance total das investigações, alimentando críticas sobre a transparência do processo.

Impactos e Controvérsias Jurídicas

Os desdobramentos do inquérito das fake news geraram uma série de impactos no cenário jurídico e político brasileiro, especialmente no que diz respeito ao papel do STF como protagonista no combate à desinformação. Por um lado, defensores do inquérito, como o atual presidente do STF, Luís Roberto Barroso, argumentam que a investigação foi crucial para proteger a democracia brasileira em um momento de crise, afirmando que o país estava “à beira do abismo” devido à disseminação de notícias falsas e ao extremismo digital.

Por outro lado, críticos, incluindo advogados e parlamentares, questionam a legalidade e a duração do processo, apontando que a falta de um prazo definido para sua conclusão e a concentração de poderes no STF podem comprometer garantias constitucionais, como o devido processo legal e a imparcialidade judicial. Além disso, a decisão de prorrogar o inquérito por mais seis meses, em dezembro de 2024, reacendeu debates sobre a necessidade de maior controle externo sobre as ações da Corte, com alguns juristas defendendo que o Ministério Público deveria assumir um papel mais ativo na supervisão do caso.

Outro ponto de tensão é a divisão interna no STF, uma vez que parte dos ministros acredita que o inquérito já deveria ter sido encerrado, enquanto outros apoiam sua continuidade para esgotar todas as linhas de investigação. No campo político, o caso também gerou resistências, especialmente entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que acusam o STF de atuar de forma parcial e de usar o inquérito como instrumento de perseguição política. Para mais detalhes sobre o tema, confira a cobertura completa em Agora Notícias Brasil e na seção de Justiça.

À medida que o inquérito das fake news avança, as perspectivas para sua conclusão permanecem incertas, com implicações significativas para o futuro do combate à desinformação no Brasil. A decisão de Alexandre de Moraes de prorrogar o prazo reflete a complexidade das apurações, mas também levanta questões sobre os limites do poder judiciário em investigações de longo prazo. Enquanto isso, o sigilo do processo continua a ser um obstáculo para uma avaliação completa de seus resultados, dificultando o acompanhamento público e a análise de sua eficácia.

 

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