Um tanque com substâncias tóxicas transbordou na refinaria da Hydro Alunorte, em Barcarena no sábado (23). Trabalhadores no local ficaram preocupados, uma vez que a mistura seria de ácido com soda cáustica, chamado pela empresa de “licor”, o que pode causar queimaduras na pele humana, caso entre em contato. A ocorrência foi na Área 9 da empresa.
Na quarta-feira, dia 12, a justiça da Holanda, onde está instalado o Tribunal Penal Internacional, realizou uma audiência em Roterdã para julgar os impactos ambientais causados pela Hydro desde 2002 nas cidades paraenses de Barcarena e Abaetetuba, em um processo que pode marcar um ponto de virada na luta das comunidades locais por justiça.
A ação, movida pela Cainquiama (Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia), representa cerca de 11 mil pessoas afetadas pela poluição decorrente das atividades de mineração da Hydro no Pará. Durante a audiência, os juízes ouviram tanto os moradores prejudicados quanto a defesa da empresa norueguesa.
Agora, a Corte de Roterdã analisará os argumentos apresentados, as provas coletadas e os pareceres de especialistas antes de emitir uma sentença, prevista para ser anunciada no dia 24 de setembro, próximo. O processo tramita na Holanda devido às operações subsidiárias da Hydro no país europeu, mas o foco está nos danos causados no coração da Amazônia brasileira.
No Pará, a Norsk Hydro opera a extração de bauxita na mina Paragominas, no sudeste do estado, e mantém em Barcarena uma refinaria que transforma o minério em alumínio. Um mineroduto de 246 quilômetros conecta as duas unidades, atravessando sete municípios e deixando um rastro de preocupações ambientais.
A ação judicial, que inclui nove indivíduos além da Cainquiama, busca indenização por danos morais e materiais causados às famílias expostas aos resíduos tóxicos gerados pelo processamento de alumínio – a principal atividade da empresa na região.
Deputada cobra MPs
Em sua página no Instagram, a deputada estadual Lívia Duarte (Psol), afirmou ter acionado os dois fiscais da lei, o MPPA e o MPF para “investigar os impactos do vazamento e a segurança da população. Dado o histórico de vazamentos e crimes cometidos pela empresa, é necessário redobrar as investigações e cuidados. Seguimos acompanhando o caso”.
Histórico de crime ambientais da Hydro
Os problemas da Hydro no Pará não são novidade. Desde 2002, a região de Barcarena acumula incidentes que expõem falhas graves no manejo de resíduos industriais. Em 2002, um derramamento de 100 quilos de coque – um pó preto derivado do petróleo – formou uma mancha de dois quilômetros no Rio Pará.
No ano seguinte, vazamentos de lama vermelha, rica em sílicas, ferro e óxidos de titânio, tingiram o Rio Murucupi de vermelho, matando peixes e levando a empresa a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público do Pará. Ainda em 2003, um tanque de soda cáustica se rompeu, poluindo novamente o Rio Pará com uma substância corrosiva.
Os episódios se repetiram: em 2004, uma “chuva de fuligem” cobriu Vila do Conde, causando problemas respiratórios; em 2005, outro vazamento de soda cáustica voltou a atingir o Rio Pará; e, em 2009, mais lama vermelha contaminou o Murucupi. Em 2014, a própria Hydro admitiu um vazamento de material cáustico em seu relatório anual.
O caso mais grave veio em 2018, quando um vazamento significativo de lama vermelha da Alunorte poluíram rios e mananciais, expondo moradores a riscos ambientais e de saúde que persistem até hoje.
Nota da Hydro
Confira a nota completa:
“Neste sábado (22), ocorreu um derramamento pontual de licor de um tanque na área de calcinação da Alunorte. Esta área é concretada, muretada e possui equipamentos de contenção que asseguram a coleta e o redirecionamento do material para o sistema produtivo da Alunorte. Essa ocorrência operacional foi prontamente normalizada, sendo o material totalmente contido, conforme projetado, sem qualquer impacto às pessoas, meio ambiente e ativos. A regularidade das ações foi constatada em inspeção técnica, realizada pela autoridade competente.”
Comentários no X (Ex-Twitter)
Rikaom Junior – A Hydro só dá esse tipo de presente pro Pará.
Marcos Romanholy – Essa empresa é a campeã em poluição
Manoel Carneiro – Antes os gestores das empresas tinham uma enorme preocupação com a segurança, havia investimentos em manutenção ostensiva para evitar incidentes como este, mas o capitalismo neoliberal hj prioriza o lucro em detrimento da segurança dos trabalhadores e da estrutura da indústria.
Bel –Enen-Si – Mais uma pra conta deles, muitos artistas falam de ambiente sustentável, da floresta, mas não param de falar bem dessa empresa.
Confúcio Comunista – ,Além disso, toda planta industrial tem o anel de contenção. Isso tudo vai pro tanque de efluente, e depois tratado…..não contamina o solo.
Silvio Santana – Tenho uma certeza: não era uma mistura de ácido COM soda caustica. Se fosse, o resultado seria um fluido inerte.
Sousa Geo – Cadê a Semas/Pa?
Paulo Marcelo – Essas empresas vem só pra desgraçar o nosso ambiente e encher o bolso.
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