O etarismo nas inteligências artificiais, no SESC Campinas, dia 17

Advogado e pesquisadora defendem o debate público na transição entre “IA fraca” e as superinteligências

O avanço das Inteligências Artificiais (IAs) na vida cotidiana “testa” mais uma vez a capacidade de resiliência da geração que hoje está com 60 anos ou mais. São pessoas que nasceram no mundo analógico e presenciaram inúmeras mudanças tecnológicas (do rádio para a TV, do telefone fixo para o celular, da máquina de escrever para o computador). Essa geração encarou com resiliência as inovações tecnológicas aceleradas e agora têm outro desafio adaptativo: aprender sobre o advento das inteligências artificiais nas atividades cotidianas e de comunicação.

O etarismo (idadismo) é uma realidade que não se distancia do avanço dessas tecnologias, sobretudo o preconceito no âmbito da saúde. Em 2022, a Organização Mundial da Saúde alertou em relatório técnico sobre as implicações do preconceito etário na lógica das IAs. Apesar das contradições no aprimoramento desses recursos digitais, por exemplo na medicina diagnóstica, em aplicativos que auxiliam idosos que moram sozinhos, o fator exclusão por motivos socioeconômicos deve prevalecer na balança entre o que é positivo e o que é negativo no advento das IAs para um contingente de idosos brasileiros (e de países pobres) que enfrentam vulnerabilidades de moradia, acesso à saúde e sobretudo a cuidados.

Por que o debate público sobre longevidade e IAs é urgente e relevante

“Estamos numa fase de transição, entre uma “IA fraca” e uma nova geração de Inteligências Artificiais que deve revolucionar nossa compreensão de interação social. Já existem pessoas idosas impactadas hoje pela perda de contato social – como decorrência do modo de vida intenso das telas de celulares e computadores, no contexto da pandemia em 2020 –, com práticas de idadismo diretas ou indiretamente”, comenta Marta Fontenele.

“Velho pobre e vulnerável não tem conhecimento das IAs, muito menos como elas impactam na sua identidade social, nos acessos a direitos universais e na sua própria capacidade de ler o mundo em que vive”, comentou Marta Fontenele.

Segundo o advogado e consultor na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), Allan Cassoli, a imersão das IAs segue um ritmo muito acelerado e a sociedade não consegue se preparar para prover a gestão desse contexto evolutivo das inteligências artificiais. “O primeiro passo para enfrentar essa situação é a sociedade olhar para esse momento e refletir sobre o que é bom para a humanidade e o que deve ser repensado”, informou Cassoli.

“Para além do acesso a interfaces de IAs, quem vive a longevidade dos 70, 80 anos sente que o mundo ficou acelerado e diferente demais e isso abala a autoconfiança, pode levar idosos saudáveis ao adoecimento”, analisa Marta Fontenele.

Serviço

Dia 17 de abril (quinta-feira)

Local SESC Campinas

Entrada gratuita

Informações: Marta Fontenele pelo telefone

Jornalista e pesquisadora do Envelhecimento Allan Renato Cassoli

Advogado, Consultor em Direito Digital e Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)