Taxa das Blusinhas afunda correios em Prejuízo Bilionário

 

A chamada “taxa das blusinhas”, imposto de importação sobre produtos do exterior, resultou em um prejuízo bilionário para os Correios em 2024, conforme estudo divulgado pela própria empresa pública em abril de 2025. O levantamento apontou uma perda exata de R$ 2.160.861.702,75, valor atribuído à redução drástica na receita com transporte de encomendas internacionais, especialmente vindas da China. A medida, proposta pelo Ministério da Fazenda e aprovada pelo Congresso Nacional em junho de 2024, foi implementada em agosto do mesmo ano e afetou diretamente o fluxo de importações, que caiu 11% em comparação com 2023.

Enquanto o governo celebrou uma arrecadação recorde de R$ 2,8 bilhões com a taxação, os Correios, sediados em Brasília, amargaram um déficit total de R$ 3,2 bilhões no ano passado. A estatal, que antes dominava o mercado de entregas internacionais, viu sua participação despencar de 98% para cerca de 30%, evidenciando como a política tributária impactou negativamente sua operação. O presidente dos Correios, Fabiano Silva, destacou que a empresa perdeu competitividade com a entrada de novos players no setor, enquanto o governo federal, sob gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, viu na medida uma forma de equilibrar a concorrência com o varejo nacional. O prejuízo, portanto, reflete uma tentativa de proteger a indústria local que acabou custando caro à estatal.

Taxa e Seus Efeitos

A “taxa das blusinhas” surgiu como uma resposta às pressões do setor varejista brasileiro, que reclamava da concorrência desleal de plataformas internacionais como Shein e AliExpress, beneficiadas pela isenção de impostos para compras de até US$ 50. Antes da nova legislação, os Correios estimavam arrecadar R$ 5,9 bilhões em 2024 apenas com o transporte de mercadorias importadas da China, mas o valor real ficou em R$ 3,7 bilhões, uma queda de 37%. A taxação, que impôs uma alíquota de 20% sobre essas compras, além do ICMS estadual, foi sancionada em meio a debates acalorados, com o próprio presidente Lula expressando críticas, mas sem vetá-la. A medida entrou em vigor em 1º de agosto de 2024, como parte do programa Remessa Conforme, que buscava maior controle e transparência nas importações. No entanto, o efeito colateral foi imediato: menos brasileiros optaram por compras internacionais, reduzindo o volume de encomendas de 209,5 milhões em 2023 para 187,1 milhões em 2024, segundo a Receita Federal.

Esse cenário expôs a dependência dos Correios desse segmento, que historicamente garantia uma fatia significativa de sua receita. Além disso, a estatal enfrentava uma crise pré-existente, agravada por anos de subinvestimento e pela tentativa frustrada de privatização no governo anterior, de Jair Bolsonaro. Assim, a taxa, pensada para fortalecer a economia nacional, acabou revelando fragilidades estruturais na empresa pública.

Reações no Mercado

Os desdobramentos da “taxa das blusinhas” vão além do prejuízo financeiro dos Correios e refletem uma mudança no comportamento do consumidor e no mercado logístico brasileiro. Com a taxação, o custo de produtos importados subiu significativamente, especialmente após alguns estados, como Bahia e Ceará, elevarem o ICMS de 17% para 20% em 2025, encarecendo ainda mais as compras. Um exemplo prático: um item de R$ 100, que antes custava R$ 144,57 com impostos, passou a R$ 150 com a nova alíquota, segundo cálculos detalhados por especialistas à Agora Notícias Brasil.

Isso levou muitos consumidores a buscar alternativas no varejo nacional, beneficiando lojas locais, mas também gerou insatisfação entre aqueles que dependiam de preços baixos das plataformas asiáticas. Para os Correios, a perda de mercado foi um golpe duro, já que empresas privadas de logística aproveitaram a brecha para capturar clientes, reduzindo a exclusividade da estatal no setor. Fabiano Silva, em evento na Câmara dos Deputados em março de 2025, lamentou a “expectativa de receita frustrada” e criticou a falta de adaptação da empresa durante a pandemia, quando o e-commerce explodiu. Analistas apontam que o prejuízo de R$ 2,2 bilhões pode ser apenas a ponta do iceberg, já que os dados anuais de 2025, ainda não divulgados, devem mostrar uma queda ainda mais expressiva. Enquanto isso, o governo federal tenta equilibrar os ganhos fiscais com os danos à estatal, que integra o grupo das 10 empresas públicas com maiores déficits no governo Lula.

Futuro dos Correios em Xeque

O prejuízo bilionário causado pela “taxa das blusinhas” coloca os Correios em uma encruzilhada, exigindo medidas urgentes para reverter a crise e garantir sua sustentabilidade financeira. A estatal anunciou planos como o lançamento de um marketplace próprio em 2025, buscando diversificar receitas e recuperar competitividade no comércio eletrônico nacional. Além disso, há tentativas de modificar o decreto de tributação simplificada, visando retomar parte do mercado perdido para concorrentes privados.

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No entanto, especialistas alertam que, sem uma reestruturação profunda, o rombo pode crescer, especialmente com a previsão de aumento do ICMS em abril de 2025, que deve afastar ainda mais os consumidores das importações. O déficit de R$ 3,2 bilhões em 2024 já representa 50% do total das estatais federais, o que pressiona o governo a encontrar soluções viáveis. Para Fabiano Silva, o foco agora é voltar-se ao mercado interno e às empresas brasileiras, mas a tarefa não será fácil em um cenário de concorrência acirrada e mudanças no consumo. Enquanto o varejo nacional celebra a proteção contra importados, os Correios lutam para se reinventar, e o consumidor sente no bolso o peso da taxação. O futuro da estatal dependerá de sua capacidade de adaptação e de decisões políticas que equilibrem os interesses econômicos do país, evitando que uma medida pensada para proteger o mercado local acabe comprometendo uma de suas principais empresas públicas. Acesse mais detalhes em Economia – Agora Notícias Brasil.

 

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