Enquanto o governo celebrou uma arrecadação recorde de R$ 2,8 bilhões com a taxação, os Correios, sediados em Brasília, amargaram um déficit total de R$ 3,2 bilhões no ano passado. A estatal, que antes dominava o mercado de entregas internacionais, viu sua participação despencar de 98% para cerca de 30%, evidenciando como a política tributária impactou negativamente sua operação. O presidente dos Correios, Fabiano Silva, destacou que a empresa perdeu competitividade com a entrada de novos players no setor, enquanto o governo federal, sob gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, viu na medida uma forma de equilibrar a concorrência com o varejo nacional. O prejuízo, portanto, reflete uma tentativa de proteger a indústria local que acabou custando caro à estatal.
Taxa e Seus Efeitos
A “taxa das blusinhas” surgiu como uma resposta às pressões do setor varejista brasileiro, que reclamava da concorrência desleal de plataformas internacionais como Shein e AliExpress, beneficiadas pela isenção de impostos para compras de até US$ 50. Antes da nova legislação, os Correios estimavam arrecadar R$ 5,9 bilhões em 2024 apenas com o transporte de mercadorias importadas da China, mas o valor real ficou em R$ 3,7 bilhões, uma queda de 37%. A taxação, que impôs uma alíquota de 20% sobre essas compras, além do ICMS estadual, foi sancionada em meio a debates acalorados, com o próprio presidente Lula expressando críticas, mas sem vetá-la. A medida entrou em vigor em 1º de agosto de 2024, como parte do programa Remessa Conforme, que buscava maior controle e transparência nas importações. No entanto, o efeito colateral foi imediato: menos brasileiros optaram por compras internacionais, reduzindo o volume de encomendas de 209,5 milhões em 2023 para 187,1 milhões em 2024, segundo a Receita Federal.
Esse cenário expôs a dependência dos Correios desse segmento, que historicamente garantia uma fatia significativa de sua receita. Além disso, a estatal enfrentava uma crise pré-existente, agravada por anos de subinvestimento e pela tentativa frustrada de privatização no governo anterior, de Jair Bolsonaro. Assim, a taxa, pensada para fortalecer a economia nacional, acabou revelando fragilidades estruturais na empresa pública.
Reações no Mercado
Os desdobramentos da “taxa das blusinhas” vão além do prejuízo financeiro dos Correios e refletem uma mudança no comportamento do consumidor e no mercado logístico brasileiro. Com a taxação, o custo de produtos importados subiu significativamente, especialmente após alguns estados, como Bahia e Ceará, elevarem o ICMS de 17% para 20% em 2025, encarecendo ainda mais as compras. Um exemplo prático: um item de R$ 100, que antes custava R$ 144,57 com impostos, passou a R$ 150 com a nova alíquota, segundo cálculos detalhados por especialistas à Agora Notícias Brasil.
Isso levou muitos consumidores a buscar alternativas no varejo nacional, beneficiando lojas locais, mas também gerou insatisfação entre aqueles que dependiam de preços baixos das plataformas asiáticas. Para os Correios, a perda de mercado foi um golpe duro, já que empresas privadas de logística aproveitaram a brecha para capturar clientes, reduzindo a exclusividade da estatal no setor. Fabiano Silva, em evento na Câmara dos Deputados em março de 2025, lamentou a “expectativa de receita frustrada” e criticou a falta de adaptação da empresa durante a pandemia, quando o e-commerce explodiu. Analistas apontam que o prejuízo de R$ 2,2 bilhões pode ser apenas a ponta do iceberg, já que os dados anuais de 2025, ainda não divulgados, devem mostrar uma queda ainda mais expressiva. Enquanto isso, o governo federal tenta equilibrar os ganhos fiscais com os danos à estatal, que integra o grupo das 10 empresas públicas com maiores déficits no governo Lula.
Futuro dos Correios em Xeque
O prejuízo bilionário causado pela “taxa das blusinhas” coloca os Correios em uma encruzilhada, exigindo medidas urgentes para reverter a crise e garantir sua sustentabilidade financeira. A estatal anunciou planos como o lançamento de um marketplace próprio em 2025, buscando diversificar receitas e recuperar competitividade no comércio eletrônico nacional. Além disso, há tentativas de modificar o decreto de tributação simplificada, visando retomar parte do mercado perdido para concorrentes privados.
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No entanto, especialistas alertam que, sem uma reestruturação profunda, o rombo pode crescer, especialmente com a previsão de aumento do ICMS em abril de 2025, que deve afastar ainda mais os consumidores das importações. O déficit de R$ 3,2 bilhões em 2024 já representa 50% do total das estatais federais, o que pressiona o governo a encontrar soluções viáveis. Para Fabiano Silva, o foco agora é voltar-se ao mercado interno e às empresas brasileiras, mas a tarefa não será fácil em um cenário de concorrência acirrada e mudanças no consumo. Enquanto o varejo nacional celebra a proteção contra importados, os Correios lutam para se reinventar, e o consumidor sente no bolso o peso da taxação. O futuro da estatal dependerá de sua capacidade de adaptação e de decisões políticas que equilibrem os interesses econômicos do país, evitando que uma medida pensada para proteger o mercado local acabe comprometendo uma de suas principais empresas públicas. Acesse mais detalhes em Economia – Agora Notícias Brasil.
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