Dólar dispara a R$ 5,98 com guerra tarifária; Ibovespa perde fôlego e opera no negativo

O dólar à vista subia mais de 1% ante o real nesta terça-feira, 8, revertendo perdas do início da sessão e ultrapassando o nível de R$ 5,98, à medida que os investidores seguiam ponderando sobre a possibilidade de as tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, serem objeto de negociação com os países atingidos.

Às 12h55, o dólar à vista subia 1,31%, a R$ 5,9884 na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,87%, a R$ 5,991 na venda.

O Ibovespa reduzia o fôlego nesta terça-feira, flertando com o território negativo em meio ao forte declínio das ações da Vale e piora da Petrobras, enquanto investidores continuam ajustando suas posições ao novo ambiente comercial no mundo desencadeado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Por volta de 13h, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, tinha variação negativa de 0,04%, a 125.539,96 pontos, tendo registrado 127.651,6 pontos na máxima e 125.033,25 pontos na mínima até o momento, vindo de três quedas seguidas, período em que acumulou um declínio de mais de 4%.

O volume financeiro no pregão somava R$ 10,5 bilhões.

O dólar no dia
A política comercial dos EUA segue no foco dos mercados desde que Trump anunciou na semana passada a imposição de tarifa mínima de 10% sobre todas as importações ao país, que entrou em vigor no sábado, e taxas “recíprocas” mais altas para alguns parceiros, que serão implementadas na quarta.

Por três sessões consecutivas, os investidores demonstraram enorme aversão ao risco, em meio ao temor de que as medidas comerciais possam desencadear uma guerra comercial ampla, o que poderia provocar a aceleração da inflação global e uma recessão econômica em diversos países.

Mas nesta terça-feira os agentes financeiros demonstravam um certo alívio, já que notícias recentes mostraram que alguns países estão preparados para negociar as tarifas com os EUA, evitando novas escaladas nas tensões comerciais.

O destaque era o Japão, após Trump ter dito na segunda-feira que está enviando uma equipe para discutir as relações comerciais. O país asiático anunciou nesta terça que seu ministro da Economia, Ryosei Akazawa, liderará as negociações pelo lado japonês.

O movimento de maior apetite pelo risco no exterior chegou a beneficiar moedas de países emergentes, incluindo o real, no início da sessão. Às 9h09, a divisa dos EUA atingiu a cotação mínima do dia ante a moeda brasileira, a R$5,8607 (-0,85%), devolvendo alguns dos ganhos recentes.

Mas o bom momento para as divisas emergentes durou pouco, com o dólar retomando o território positivo ao longo da manhã frente ao real, ao peso colombiano e ao peso chileno.

Analistas ouvidas pela Reuters disseram não haver um fator em particular que fez o dólar voltar a se fortalecer frente a países emergentes, mas pontuaram que o otimismo no início da sessão parecia exagerado, uma vez que não há previsão para as negociações dos EUA com parceiros.

“Honestamente, eu acredito que essas conversas estão em um estágio muito inicial para trazer um fruto no curto prazo. Eu não antevejo essas negociações. Parece que os fundamentos por trás desse apetite maior na sessão de hoje são fundamentos muito frágeis e passíveis de reversão”, disse Leonel Oliveira Mattos analista de inteligência de mercados da Stonex.

O otimismo nos mercados ainda contava com uma dose de cautela após Trump ter escalado as tensões com a China na segunda-feira, ameaçando a segunda maior economia do mundo com tarifas adicionais caso Pequim não abandone as medidas retaliatórias contra as taxas dos EUA.

Na cena doméstica, dados do Banco Central mostraram mais cedo que a dívida bruta do Brasil registrou alta em fevereiro, quando o setor público consolidado brasileiro apresentou déficit primário bem menor do que o esperado.

O dia do Ibovespa

Em Wall Street, após quedas expressivas das ações que eliminaram trilhões de dólares desde a semana passada, o S&P 500 mantinha-se no azul, com alta de 2,25%, com os investidores ainda monitorando as negociações sobre as tarifas anunciadas na semana passada por Trump.

“Após as oscilações vertiginosas das duas últimas sessões, diante dos temores relacionados à nova política comercial americana, os investidores parecem buscar oportunidades pontuais em meio às baixas generalizadas”, afirmou a equipe da Ágora Investimento, em relatório a clientes nesta terça-feira.

“Em meio a rumores, fake news e notícias desencontradas, todos parecem procurar algum norte para definir a sua estratégia nesse novo ambiente de negócios”, acrescentou.

DESTAQUES

– VALE ON caía 2,94%, com os contratos futuros do minério de ferro recuando pela terceira sessão consecutiva nesta terça-feira na China, em meio às tensões comerciais entre EUA e China. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian caiu 3,15%, terminando em 738,5 iuanes (US$100,73) a tonelada. No início da sessão, os preços atingiram 735,5 iuanes, o menor valor desde 19 de novembro de 2024.

– PETROBRAS PN reverteu os ganhos e perdia 0,45%, conforme o petróleo voltou a enfraquecer no exterior, trabalhando momentaneamente no terreno negativo, para depois voltar ao azul, com o Brent em alta de 0,25%. A presidente da estatal também afirmou na véspera que a companhia não deve alterar preços de combustíveis em cenário turbulento. Uma fonte disse à Reuters que o ministro de Minas e Energia teria pedido para a CEO para que a Petrobras analisasse um novo corte no valor médio do diesel, diante do recuo acentuado e recente do preço do barril do petróleo no mercado internacional.

– BRAVA ENERGIA ON avançava 2,07%, após divulgar dados preliminares de março mostrando uma produção total bruta de 71.757 boe/d, encerrando o primeiro trimestre com 71.057 boe/d. Ainda no setor, PETRORECONCAVO ON cedia 0,07%, tendo também no radar dados de março mostrando produção média de 27.715 mil boe/d. Ainda, PRIO ON subia 0,99%.

– MAGAZINE LUIZA ON desabava 9,37%, tendo como pano de fundo relatório do Citi cortando a recomendação das ações a “venda/alto risco” e reduzindo o preço-alvo de R$8 para R$7,70. Na visão dos analistas, que afirmam estar ainda cautelosos com o cenário macroeconômico do país, antecipar um ciclo de demanda positiva parece excessivamente otimista neste momento. Eles também citaram competição acirrada no setor. Na véspera, o Mercado Livre anunciou investimento de R$34 bilhões no Brasil em 2025. Em Nova York, MERCADO LIBRE subia 5,96%.

– MINERVA ON recuava 3,73% na esteira de proposta aprovada pelo conselho de administração para aumento de capital no montante de até R$2 bilhões, que será votada em assembleia geral extraordinária a ser realizada em 29 de abril. Sob os termos da proposta, o aumento de capital de até R$2 bilhões contará com a subscrição particular de até 386,8 milhões de novas ações ordinárias pelo preço de emissão de R$5,17 cada — um desconto de quase 20% em relação ao fechamento da segunda-feira. O aumento de capital prevê ainda bônus de subscrição.

– ITAÚ UNIBANCO PN era negociada em alta de 0,48%, em dia sem viés único no setor. BRADESCO PN caía 1,86%, BANCO DO BRASIL ON avançava 0,11% e SANTANDER BRASIL UNIT mostrava decréscimo de 0,34%. BTG PACTUAL UNIT subia 1,69%.

– RANDONCORP PN, que não faz parte do Ibovespa, avançava 3,37%, após anunciar acordo com a gestora de ativos Pátria Investimentos nas frentes de consórcios e seguros que contará com o aporte de até R$320 milhões do Pátria. O contrato prevê a constituição de uma empresa controladora das operações de consórcios e seguros, na qual fundos do Pátria poderão deter até 20% de participação no capital e a Randoncorp seguirá com fatia restante de ao menos 80%.

Por Reuters

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