Júri de mulher por tráfico internacional e homicídio entra no 2º dia em Marabá

Teve reinício na manhã desta quarta-feira (9) o júri popular da ré Elziane Neres Lima, julgada pelos crimes de tráfico internacional de pessoas com fins de exploração sexual e homicídio doloso (quando se assume o risco de matar), cometido em 2004 contra Solange Ribeiro de Sousa.

Presidido pelo juiz federal Marcelo Honorato, o julgamento ocorre no Fórum da Justiça Estadual, na Agrópólis do Incra, em Marabá.

O tribunal começou ontem, terça-feira (8) e lotou o Fórum com familiares da vítima e estudantes de Direito, que se mostraram impactados com a gravidade dos crimes. Ao longo do dia, foram ouvidas cinco testemunhas de acusação, representada pelo Ministério Público Federal. Em seguida, foram arroladas as testemunhas de defesa, representada pelos advogados Arnaldo Ramos de Barros Júnior e Wandergleisson Fernandes Silva, que negam a autoria do homicídio.

Hoje, estão sendo apresentados os debates entre acusação e defesa, com direito a réplica, tréplica e, por fim, a leitura da sentença.

A banca do Ministério Público Federal não tem dúvida da culpa da ré

RELEMBRE O CASO

Elziane foi denunciada por facilitar a entrada ilegal de quatro mulheres nos Estados Unidos e, posteriormente, cobrar delas valores exorbitantes. Além disso, segundo a denúncia, obrigava as vítimas a trabalharem como dançarinas em casas noturnas e a se prostituírem, com o objetivo de quitar a suposta dívida. As ameaças envolviam intimidações e o risco de serem denunciadas às autoridades locais.

De acordo com a Procuradoria da República, Elziane teria ameaçado matar uma parente de Sheila — uma das mulheres traficadas que se recusou a cumprir as exigências. Em 5 de outubro de 2004, Solange Ribeiro de Sousa, irmã de Sheila, sofreu um atentado e faleceu dez dias depois, no hospital.

O HOMICÍDIO

O crime ocorreu em Eldorado do Carajás. A vítima, Solange Ribeiro, chegou a ser socorrida e hospitalizada, mas morreu em 15 de outubro do mesmo ano, dez dias após o atentado. Os autores do crime chegaram a ser julgados e absolvidos em um processo que tramitou na Seção Judiciária de Marabá.

A PRISÃO

Elziane foi presa pela Interpol em 4 de junho de 2010, em New Jersey, nos Estados Unidos, com base em mandado expedido pela Justiça Federal do Brasil. No entanto, teve a prisão preventiva revogada, com a condição de comparecer aos atos processuais na Subseção de Marabá.

Na sentença de pronúncia, emitida em fevereiro de 2023, a 1ª Vara Federal de Marabá reconheceu indícios de que a ré cometeu os crimes de tráfico internacional de mulheres e homicídio doloso, determinando que ela fosse submetida a julgamento pelo Tribunal do Júri.

Agora, submetida a julgamento popular, Elziane aguarda a sentença pelas acusações que pesam contra ela.

(Milla Andrade)

 

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