BC vai mudar crédito imobiliário e avançar em tokenização

O secretário-executivo do BC (Banco Central), Rogério Lucca, disse nesta 2ª feira (14.abr.2025) que a agenda da autoridade monetária prepara mudanças no crédito imobiliário em 2025 e estudos para viabilizar a tokenização de 2026 a 2029, que é a base do Drex, o real digital.

O Banco Central já disse que, da forma como está elaborado, o Drex, que é a moeda virtual do real, não dá “conforto” de preservar e reservar as informações bancárias das pessoas. A tecnologia ainda está em fase piloto.

Assista (1h15min):

“O corpo técnico do Banco Central está discutindo o que a gente vai fazer e os modelos de negócio que a gente vai testar no Drex a partir da 2ª metade deste ano”, disse o secretário-executivo. “A agenda de inovação do Banco Central continua”, completou.

Lucca realizou uma live no YouTube com a agenda estratégia para os próximos 4 anos da autoridade monetária. O jornalista e funcionário público Gustavo Igreja mediu o evento on-line.

O Banco Central fez 60 anos em 2025. O presidente da autoridade monetária Gabriel Galípolo realizou um evento com a presença de ex-presidentes do BC na 1ª semana de abril. Segundo Lucca, o Banco Central não é um órgão de governo e que, por isso, tem uma agenda de Estado com continuidade.

O presidente Gabriel [Galípolo] é muito aberto ao diálogo, a ouvir e muito institucionalista. […] Ele respeita muito as instituições”, declarou o secretário-executivo.

O planejamento estratégico do Banco Central é feito a cada 4 anos, com intervalo de tempo não concedente com os mandatos do presidente da República. Com a saída de Roberto Campos Neto, a autoridade monetária faz o último ano do ciclo da gestão anterior. O novo ciclo começa em 2026 e termina em 2029.

O Banco Central definiu quais são os principais desafios a serem enfrentados pela autoridade monetária nos próximos 4 anos. Até o final do ano vai definir as ações para nortear as medidas.

TOKENIZAÇÃO

O Banco Central já defendeu que a tokenização de ativos é uma tendência consolidada e tem potencial de promover maior eficiência nas transações financeiras.

Os ativos, quando tokenizados, podem ser armazenados em contratos inteligentes (smart contracts) e outras aplicações descentralizadas na economia. Lucca declarou que, para o sistema financeiro conceder crédito com risco mais controlado, o Banco Central pretende fazer com que os ativos sejam utilizados como garantia das operações.

A tokenização é você utilizar uma tecnologia diferente, mais eficiente e segura, para você ter os seus investimentos, ativos, desde ativos reais, investimentos em instituições financeiras e, potencialmente, até ativos virtuais, para você poder utilizar como garantia para operações de crédito”, disse o secretário-executivo.

Lucca avalia que a tokenização dos ativos poderá reduzir as taxas e permitir que as pessoas tenham acesso a mais recursos. Ele exemplificou que uma pessoa pode ter um apartamento que é utilizado como garantia em operação de crédito.

Você tem essas informações em sistema compartilhado, onde todas as instituições financeiras, mediante a sua autorização, consigam ver que você tem esse ativo disponível e tenham informação para te oferecer um crédito de qualidade”, disse o secretário do BC.

AGENDA ATÉ 2025

A agenda começou em 2019, quando Roberto Campos Neto se tornou presidente do Banco Central. Por não haver autonomia, a agenda durou 6 anos. Segundo Lucca, houve 100 projetos corporativos e ações estratégica. Algumas delas terão continuidades no próximo ciclo (2025-2029).

Os 3 grandes projetos de pilares de inovação são:

  • Pix – o sistema de pagamentos instantâneos;
  • Drex – o real digital;
  • Open Finance – a integração de dados do sistema financeiro.

O secretário-executivo disse que o, no pilar da regulamentação, disse que houve uma modernização das regras do mercado cambial que foi “marcante”. Defendeu que houve uma agenda forte de cidadania digital, como o Registrato, o Sistema Valores a Receber e o projeto Aprender Valor. Ele citou também que o Banco Central avançou em medidas de sustentabilidade.

“Várias dessas ações vão ter continuidade durante esse ano e vão ser incorporados no próximo ciclo estratégico”, disse Lucca.

PRIORIDADES PARA 2025

Neste ano, o Banco Central vai ter uma agenda evolutiva do Pix, segundo o secretário-executivo. Declarou que vai priorizar a finalização do Pix automático, que é a programação de pagamentos recorrentes, como condomínio, academia, escola e outros.

Algumas instituições financeiras já oferecem o serviço, mas o Banco Central quer fazer viabilizar uma “oferta homogênea do sistema como um todo”, disse.

O secretário-executivo disse que o BC vai lançar em 2025 o Pix Parcelado, que permite o brasileiro fazer a compra de forma parcelada, e o Pix em Garantia, que autoriza comerciantes a utilizar recursos como garantia de empréstimo em instituição financeira.

O BC quer, também, aperfeiçoamento o Mecanismo Especial de Devolução, que é um sistema que o brasileiro pode recorrer se for alvo de golpes. A pessoa pode acionar o banco e solicitar o ressarcimento do valor.

O banco vai analisar se aquela transação é caracterizada como fraude para a pessoa conseguir recuperar o recurso. “Vamos fazer um aperfeiçoamento nesse mecanismo especial de devolução durante esse ano para tornar esse mecanismo mais efetivo, com maior capacidade de recuperar esses valores”, disse Lucca.

O Banco Central vai aperfeiçoar o open finance, o compartilhamento de dados financeiros. A autoridade monetária quer ampliar a portabilidade de crédito para ampliar a concorrência e reduzir as taxas de juros dos empréstimos contratados.

A portabilidade permite reduzir o custo da dívida. Existe uma perspectiva de que, se você fizer isso pelo open finance, vai ser mais fácil e mais efetivo. A gente vai se debruçar no desenvolvimento nessa portabilidade de crédito do open finance”, declarou Lucca.

O Banco Central vai pensar modelo no ambiente de concessão de crédito. Seria um “ambiente comum” para receber as ofertas dos bancos, onde a pessoa poderia solicitar e receber ofertas das instituições financeiras.

CRÉDITO IMOBILIÁRIO

Lucca declarou que o Banco Central quer priorizar em 2025 a criação de alternativas para melhorar o processo de concessão e a fonte de financiamento do crédito imobiliário.

“O crédito imobiliário no Brasil, geralmente, é financiado por Caderneta de Poupança […] Com a evolução da tecnologia e modelos de negócios, com a facilidade de transferência de recursos, com o avanço de educação financeira, as pessoas começaram a sacar o dinheiro da Caderneta de Poupança. Começaram a investir em outros ativos e investimentos que dão mais rentabilidade”, declarou o secretário-executivo.

Para ele, o Banco Central precisa estudar medidas para viabilizar o maior financiamento do crédito imobiliário. “Temos conversado com o governo e com o mercado para ver o que a gente pode fazer para poder melhor esse processo, tanto de concessão, quanto de financiamento do crédito imobiliário”, disse.

ORÇAMENTO PARA O BC

O secretário-executivo disse que, em 2025, há um orçamento necessário para continuar com as medidas. Declarou que o Banco Central terá a contratação de 100 novos funcionários públicos selecionados em concurso público. A autoridade monetária está em tratativas com o governo para chamar mais aprovados.