A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse nesta 4ª feira (16.abr.2025) que as mudanças “históricas” provocadas pelo 2º mandato do presidente Donald Trump (Partido Republicano) nos EUA fazem com que o Ocidente “como o conhecíamos” já não exista. Apesar disso, elogiou a relação com o país e defendeu o posicionamento do bloco ante as tarifas impostas pelo republicano.
“O mundo se tornou um globo também geopoliticamente. Hoje, nossas redes de amizade abrangem o planeta, como se pode ver no debate sobre tarifas. Um efeito colateral positivo é que atualmente converso com chefes de Estado e de governo ao redor do mundo que desejam trabalhar conosco. Todos estão pedindo mais comércio com a Europa – e não se trata apenas de laços econômicos. Também se trata de estabelecer regras comuns”, disse Von der Leyen, em entrevista ao jornal alemão Die Zeit.
“Sou uma grande amiga dos EUA e acredito firmemente que a amizade entre norte-americanos e europeus permanece. Porém, a nova realidade inclui o fato de outros países estarem se aproximando. 13% do comércio global é com os EUA. Isso é muito. 87% do comércio mundial é com outros países. E todos eles querem previsibilidade e regras confiáveis. A Europa pode oferecer isso. Devemos agora usar esse impulso para abrir novos mercados”, afirmou.
A presidente da Comissão Europeia defendeu a atitude da União Europeia em relação à regulamentação dos serviços digitais norte-americanos, mesmo diante de ameaças envolvendo a possível retirada do guarda-chuva nuclear dos EUA. Reforçou ainda a necessidade de os integrantes do bloco produzirem e comprarem mais dentro da Europa, especialmente itens de defesa, considerados estratégicos.
“A Europa continua sendo um projeto de paz. Não temos irmãos ou oligarcas ditando as regras. Não invadimos nossos vizinhos nem os punimos. Pelo contrário, há 12 países na lista de espera para se tornarem integrantes da União Europeia“, afirmou.
Questionada sobre a segurança no continente por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia, Von der Leyen disse não haver “limites para as ambições” de Putin. Afirmou ainda que o bloco precisa passar por um processo de renovação para enfrentar os desafios contemporâneos.
“O que percebíamos como uma ordem mundial está se transformando em desordem global, desencadeada não só pela disputa por poder entre China e Estados Unidos, mas também, é claro, pelas ambições imperialistas de Putin”, disse. “Precisamos de uma nova União Europeia, pronta para se posicionar no mundo e desempenhar um papel ativo na construção da nova ordem global.”