O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD), disse nesta 5ª feira (17.abr.2025) que o indeferimento da habilitação à exportação de 28 frigoríficos de carne bovina indicados pelo ministério para a China trata-se de uma “questão estratégica” do governo chinês.
Segundo ele, o assunto será debatido no dia 22 de abril em reunião com uma comitiva chinesa. “Se fosse um problema específico, seria de uma ou de outra planta frigorífica. Como foram todas, é impossível dizer que todas erraram. É uma questão estratégica deles, é por isso que está vindo a delegação agora dia 22 (de abril)”, afirmou durante conversa com jornalistas no Palácio do Itamaraty, em Brasília.
Fávaro lembrou ainda que, durante a visita do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil, as autoridades do país asiático já haviam sinalizado a intenção de ampliar as compras de frango e carne suína em 2025, o que indicava um possível “freio” na importação de carne bovina brasileira.
“Já era um indicativo de que eles queriam frear um pouco a compra de bovinos. Eu entendo que isso foi parte dessa estratégia chinesa”, declarou.
Contudo, disse que a atual guerra comercial entre China e os Estados Unidos pode gerar “uma oportunidade”.
“Há poucos dias, nas carnes bovinas, o governo chinês deixou de habilitar 395 plantas. Alguém vai precisar fornecer essa carne, que era fornecida pelos norte-americanos (…) eu acho que aí se está uma oportunidade, inclusive, de não só a gente revisar as tendências geradas nessas coisas de governo, mas também como criar essa lista”, afirmou.
ENTENDA
Segundo documento ao qual o Poder360 teve acesso, a China rejeitou todos os 28 frigoríficos brasileiros de carne bovina que haviam sido indicados pelo Mapa (Ministério da Agricultura) para habilitação à exportação ao país asiático. As plantas foram indeferidas depois de uma análise da GACC (Administração-Geral de Aduanas da China, na sigla em inglês).
O parecer chinês indicou não conformidades com os critérios técnicos exigidos, incluindo:
- localização dos estabelecimentos em áreas com restrição sanitária conforme as normas da China;
- ausência de vestiários com acesso direto às áreas de produção; e
- falhas no procedimento de verificação da idade dos bovinos no momento do abate.