Massacre de Eldorado do Carajás completa 29 anos com impunidade e conflitos ainda presentes no campo

Nesta quarta-feira (17), completam-se 29 anos do Massacre de Eldorado do Carajás, uma das maiores tragédias no campo da história recente do Brasil. Em 1996, 21 camponeses ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram assassinados por policiais militares no trecho conhecido como “curva do S”, na estrada PA-150, em Eldorado do Carajás, sudeste do Pará.

O episódio marcou a luta pela reforma agrária no país. Na época, cerca de 1,5 mil trabalhadores protestavam por transporte, alimentação e pela desapropriação da fazenda Macaxeira, considerada improdutiva. A marcha rumo a Belém teve início no dia 10 de abril daquele ano. No dia 17, após negociações suspensas com o Incra, os manifestantes bloquearam a estrada. A reação do Estado foi violenta: 155 policiais cercaram os manifestantes e deram início ao massacre.

Além dos 21 mortos, 69 pessoas ficaram feridas. Investigações revelaram que muitas vítimas foram mortas com tiros à queima-roupa e, segundo testemunhos, corpos foram retirados do local e provas foram destruídas. Apenas dois comandantes foram condenados: Mário Pantoja, que morreu em 2020, e José Maria de Oliveira, que cumpre pena em regime domiciliar. Os demais 153 policiais foram absolvidos. O então governador do Pará, Almir Gabriel, e o secretário de Segurança Pública, Paulo Sette Câmara, que deram a ordem para “liberar a via [PA-150] a qualquer custo” não foram sequer indiciados.

A fazenda Macaxeira foi posteriormente desapropriada, dando origem ao assentamento 17 de Abril, onde vivem atualmente 690 pessoas. O local do massacre tornou-se um memorial. Apesar disso, quase três décadas depois, o Estado brasileiro ainda não indenizou todas as famílias ou garantiu cuidados médicos a todas as vítimas com sequelas permanentes.

Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostram que, mesmo com a redução de mortes no campo, os conflitos permanecem elevados. No primeiro semestre de 2024, foram registradas 1.056 ocorrências, sendo 872 relacionadas à terra, 125 à água e 59 ao trabalho escravo.

O massacre de Eldorado do Carajás continua sendo um símbolo de impunidade, violência e resistência na luta pela reforma agrária e por justiça social no Brasil.

Leia também:

O post Massacre de Eldorado do Carajás completa 29 anos com impunidade e conflitos ainda presentes no campo apareceu primeiro em Estado do Pará Online.