VÍDEO – Possível vida extraterrestre a 124 anos-luz da Terra agita cientistas

Evidência mais forte de que existe vida fora da Terra foi descoberta em moléculas orgânicas fora do sistema solar, no planeta K 2

Foram descobertas moléculas orgânicas em um planeta fora do sistema solar. Como aqui na Terra essas moléculas só são produzidas por seres vivos, essa é a mais forte evidência de que existe vida fora de nosso planeta.

Se você olhar para o céu numa noite sem Lua, vai observar milhares de estrelas. Com um telescópio simples, se tornam milhões e sabemos que só na nossa galáxia há 300 bilhões de estrelas. Quero contar aqui como os cientistas descobriram esse planeta longínquo e como identificaram as moléculas presentes em sua atmosfera. Foi difícil, mas valeu a pena.

Nossos antepassados distantes observaram que algumas poucas estrelas se movimentavam, enquanto a maioria permanecia fixa. Não eram estrelas, eram planetas. Em 1543, Copérnico demonstrou que os planetas giram em torno do Sol e surgiu o conceito de Sistema Solar: uma estrela com planetas girando em volta.

Mas como saber se existem planetas girando em volta de outras estrelas na galáxia? As estrelas estão distantes de nós, os planetas são pequenos e não emitem luz. Mas os cientistas descobriram um truque. Quando um corpo celeste passa entre a Terra e uma estrela, ele tampa parcialmente a luz da estrela.

É o que ocorre num eclipse: a Lua tampa parcialmente o Sol, diminuindo seu brilho. Se você apontar um telescópio para uma estrela e ficar medindo a quantidade de luz, caso exista um planeta girando em volta da estrela, ao passar entre ela e o telescópio, a quantidade de luz detectada diminui. É o sinal de que aquela estrela tem um planeta girando em volta.

Foi usando esse método que, em 1999, foi descoberto o primeiro planeta fora do sistema solar, o HD 209458 b. Ele gira em volta de uma estrela distante 157 anos-luz da Terra (a luz dessa estrela demora 157 anos para chegar à Terra). Como comparação, lembre que a luz do Sol leva 8 minutos e 18 segundos, viajando a 300 mil quilômetros por segundo, para chegar à Terra.

Desde 1999, milhares de planetas foram descobertos girando em volta de estrelas distantes. Entre esses exoplanetas (planetas fora do sistema solar), a atenção se concentrou nos mais parecidos com a Terra: nem muito frios (longe da estrela) nem muito quentes (perto da estrela). Esses seriam os planetas onde poderia haver vida. Já identificamos mais de 5 mil exoplanetas com essas características.

Onde e como isso aconteceu

Em 2015, foi descoberto o exoplaneta K2-18b, que gira em volta de uma estrela distante 124 anos-luz do Sol. A estrela tem metade do diâmetro do Sol e não é possível vê-la da Terra sem um telescópio. O exoplaneta dá uma volta na estrela a cada 33 dias, e é 2,6 vezes maior que a Terra. A temperatura média é de -8 graus Celsius. Mas como saber se existe vida por lá?

Quando o exoplaneta está na frente da estrela, uma fração da luz emitida pela estrela atravessa sua atmosfera e pode ser detectada por telescópios espaciais como o Kepler e o James Webb. Os componentes presentes na atmosfera alteram as características da luz da estrela como óculos escuros modificam a cor da luz solar. Analisando essas modificações, é possível identificar as moléculas presentes na atmosfera.

Em 2019, foi descoberta a presença de água na atmosfera do K2-18b. Em 2023, a presença de gás carbônico e metano foi descoberta. Além disso, sabemos que existe muito hidrogênio. Essas características tornam o exoplaneta muito semelhante à Terra, com mares e uma atmosfera. A novidade é que foi descoberta na atmosfera uma quantidade alta de dimetil sulfito.

Processo químico

Na Terra, essa molécula só é produzida por seres vivos, principalmente algas e bactérias presentes nos oceanos. Como a quantidade de dimetil sulfito é muito grande e ele tem uma vida curta, a explicação mais simples é que existe um processo contínuo de síntese no K2-18b. E a explicação mais simples para todas essas observações é que seres vivos estariam produzindo o dimetil sulfito continuamente. Outra possibilidade é a existência de um processo químico, ainda desconhecido, no K2-18b.

Nos próximos anos saberemos com certeza se existe vida no K2-18b. Se ela existir, qual sua forma? Essas respostas só serão obtidas quando os dois telescópios que estão sendo construídos especialmente para estudar exoplanetas entrarem em atividade.

O estudo dos exoplanetas está progredindo muito mais rápido do que esperávamos. Mas é uma pena que os 124 anos-luz que nos separam tornem impossível irmos visitar nossos vizinhos no K2-18b ou vice-versa.

Mais informações: New Constraints on DMS and DMDS in the Atmosphere of K2-18 b from JWST MIRI. The Astrophysical Journal Letters. https://doi.org/10.3847/2041-8213/adc1c8

VEJA IMAGENS E COMENTÁRIOS:

The post VÍDEO – Possível vida extraterrestre a 124 anos-luz da Terra agita cientistas appeared first on Ver-o-Fato.