Lula faz trabalho ruim e sabota Haddad, que é bom, diz Amoêdo

O ex-presidente e um dos fundadores do partido Novo João Amoêdo disse em entrevista ao Poder360 que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz um trabalho “ruim” e tem um governo “medíocre”.

Para o empresário, o petista “não se renovou”, tem “pouca iniciativa” e vem falhando na economia. Amoêdo apoiou Lula em 2022.

“A pauta da responsabilidade fiscal, fundamental para a gente estar combatendo a inflação, foi deixada de lado. Nunca teve prioridade por parte do governo. Como resultado, a gente tem um cenário de alta taxa de juros e inflação crescente, que acaba tirando o poder de compra da população”, afirma o político.

Para Amoêdo, o problema do governo é de “conteúdo”, não só de comunicação. “Lula fez pouca coisa. Está ainda falando sobre temas atrasados, sempre temas antigos”.

Apesar das críticas ao governo, o ex-presidente do Novo diz que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, faz um “bom” trabalho, “dentro do possível”, mas vem sendo sabotado por Lula e pelo PT.

“O ministro Haddad tem sido sabotado, muitas vezes, pelo próprio presidente Lula e pelo seu partido, o PT, com críticas internas. E tem feito, dentro do possível, acho que algo positivo, que é dar tranquilidade e transparência a algumas medidas. Agora, é claro, evoluiu pouco”, afirma.

Assista (33min28s):

Para melhorar o governo e a política econômica do Brasil, Amoêdo sugere duas medidas a Lula:

  • Aproveitar oportunidades – o ex-presidente do Novo afirma que as tarifas recentemente impostas pelos Estados Unidos a vários países são uma oportunidade para o Brasil reduzir barreiras alfandegárias e fazer novas parcerias comerciais;
  • Anunciar último mandato – para Amoêdo, Lula deveria anunciar já que este será seu último mandato na Presidência da República. Segundo ele, é hora de o petista “passar o bastão”.

Apesar de apresentado esses 2 conselhos, Amoêdo diz acreditar que o presidente não seguirá suas recomendações.

NOVO & VOTO EM LULA

Amoêdo teve sua filiação suspensa pelo Novo em outubro de 2022 depois de ter anunciado apoio ao então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no 2º turno da eleição daquele ano. No mês seguinte, o empresário anunciou que deixaria o partido. Ele comentou essa decisão na entrevista ao Poder360.

“Resolvi sair porque entendi que o Novo, a partir daquele momento [na eleição de 2022], e até talvez um pouco antes, tinha abraçado, por cálculos eleitorais e oportunistas, o bolsonarismo de forma disfarçada. […] O Novo era uma esperança para a população brasileira, era uma esperança de mudança e construção de uma instituição diferente, com práticas políticas diferentes. E isso deixou de existir, infelizmente”, afirma Amoêdo.

Para o engenheiro, o Novo não traz hoje mais “nenhuma proposta para melhorar a vida dos brasileiros”. Também diz não haver ninguém no partido que ele admira.

Sobre seu apoio a Lula na última eleição, ele diz o seguinte:

“Não me arrependo de forma nenhuma. Nunca tinha votado no PT, mas fiz essa escolha com receio muito grande de que viéssemos a ter um golpe de Estado com Bolsonaro. Não em 2022, mas em 2026 […] Entendi que naquele momento era um voto necessário.”

TEMAS SOCIAIS

O Poder360 perguntou a opinião de Amoêdo sobre 7 temas de interesse social. Eis as respostas:

  • Flexibilização do aborto“Acho que isso tem que ser defendido pelo Congresso. Não cabe a mim. Eu, como presidente, aceitaria o que o Congresso resolvesse, porque eu acho que o Congresso, legitimamente eleito, deveria representar a população”;
  • Drogas para uso recreativo “Acho que é um assunto que não deveria ser pauta do Brasil no momento. A gente tem tantos problemas. Defendo a liberdade das pessoas, então, acho que isso é fundamental, mas, no momento, eu não mexeria na questão das drogas”;
  • Cotas para minorias em universidades“As cotas estão em vigor. Eu manteria, mas faria uma avaliação ao final delas, da sua eficácia. Tendo a achar que a eficácia é baixa, e que, inclusive, muitas das cotas não fazem sentido. Preferia a gente ter uma sociedade que não dependesse de cotas”;
  • Privatizar a Petrobras “Sou a favor, acho que não cabe ao governo extrair petróleo, administrar banco, distribuir correspondência. Acho que teríamos um país muito mais próspero, com um ambiente muito menos propício à corrupção, com a Petrobras sendo uma empresa privada”;
  • Privatizar Banco do Brasil e Caixa Econômica“Idem. Acho que os 2 deveriam ser privatizados. […] Na verdade, muitas vezes, essas empresas são utilizadas como cabide de empregos, para alocação de apadrinhados e perpetuação dos políticos que estão no poder”;
  • Atuais regras da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho)“Eu sou a favor. Acho que, quanto mais flexível for a nossa legislação trabalhista, mais protegido estará o trabalhador, e não o contrário. Acho que, em um ambiente competitivo, de livre mercado, o fato de não ter amarras fará com que o empregador tenha mais flexibilidade para contratar, para investir, e isso vai se reverter diretamente para o trabalhador”;
  • PEC da escala 6 X 1“Acho que não cabe, no Brasil, ainda, a escala 6 X 1. A gente tem que buscar produtividade. Não tenho nada contra as pessoas trabalharem menos, mas, no cenário que temos hoje, trabalhar menos significa ter menos recursos”.