O agricultor Ronilson de Jesus Santos foi assassinado a tiros na última sexta-feira (18), no quintal de sua casa, em Anapu. A morte foi confirmada neste sábado (19). Reconhecido como uma das principais lideranças locais ligadas à luta pela reforma agrária, Ronilson também integrava a direção da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil (Contraf Brasil) e atuava na gestão do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Virola Jatobá, criado em 2005 pela missionária Dorothy Stang, também assassinada na mesma região.
A Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado pela Delegacia de Conflitos Agrários (Deca), sediada em Altamira, município vizinho. Até o momento, ninguém foi preso. O crime acontece às vésperas do lançamento do relatório anual “Conflitos no Campo Brasil”, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), previsto para o próximo dia 23 de abril.
Ronilson deixa esposa e oito filhos. A Contraf Brasil divulgou nota de pesar, repudiando o assassinato. “Temos o compromisso de denunciar esse crime bárbaro. Exigiremos apuração rigorosa e a punição dos responsáveis”, afirmou a entidade.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, também se manifestou. Ele classificou a região como palco constante de conflitos entre agricultores e madeireiros e garantiu estar tomando providências para evitar a impunidade.
O ministro disse ter conversado com o secretário de Segurança Pública do Pará, Uálame Machado, e com a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, para que o assentamento Virola Jatobá e o acampamento do Vale do Paracuru sejam incluídos no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos.
O assassinato reacende o alerta sobre a violência no campo e a vulnerabilidade de líderes comunitários em áreas de intensa disputa por terra na Amazônia Legal.
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