Homem forte de Moraes entra em desespero, teme ser morto e afirma ter provas contra o ministro

Uma audiência no Congresso Nacional realizada nesta semana revelou detalhes explosivos de uma gravação atribuída a Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o jornalista português Sérgio Tavares, autor da divulgação do conteúdo, Tagliaferro aparece em áudio visivelmente abalado, temendo por sua vida e declarando possuir provas comprometedoras contra o ministro Alexandre de Moraes, atual presidente do TSE e figura central em decisões polêmicas do Judiciário brasileiro.

A gravação, tornada pública no início de abril, é uma conversa telefônica entre o jornalista Oswaldo Eustáquio Filho e Tagliaferro. Segundo Tavares, o áudio teria sido registrado há cerca de oito meses, no mesmo período em que vieram a público as primeiras reportagens do jornalista Glenn Greenwald sobre supostos abusos de poder dentro do sistema judiciário brasileiro.

No conteúdo, o ex-assessor demonstra claro desespero. Chorando, ele afirma estar sendo perseguido, teme ser assassinado e cogita deixar o Brasil para denunciar Moraes à imprensa internacional. Eustáquio, que realiza a chamada, o orienta a fugir para a Europa e a buscar proteção fora do país. No entanto, Tagliaferro não seguiu o conselho.

“Um conteúdo gravíssimo, em que temos o ‘homem forte’ de Moraes a chorar, a dizer que tem medo que o matem, desesperado, dizendo que tem provas para deitar Moraes abaixo”, relatou Tavares durante participação remota na audiência no Senado. “Se ele não fugiu, foi porque não quis. Passaram-se oito meses e ele não deu nenhuma entrevista. Não fez porque não quis. Mas acredito que a divulgação desses áudios tenha precipitado sua nova saída.”

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De acordo com Tavares, o fato de um ex-integrante do alto escalão do TSE afirmar que possui “todos os documentos” para derrubar Moraes é algo que, por si só, deveria ter mobilizado a imprensa nacional. “Não entendo como os grandes nomes da mídia, que adoram uma polêmica, permanecem caladinhos. É um silêncio ensurdecedor”, criticou.

Tagliaferro, que desde 2023 não faz mais parte do TSE, não compareceu à audiência. No entanto, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) apresentou um áudio enviado por ele à comissão. Na gravação, o ex-assessor diz: “Não pude comparecer por questões pessoais e para preservação da minha segurança. Mas, no momento oportuno, estarei à disposição da comissão para obterem as respostas que precisam.”

A ausência de Tagliaferro foi sentida pelos senadores, que demonstraram preocupação com a gravidade das alegações. Para integrantes da oposição, os relatos reforçam suspeitas já antigas sobre o uso político do Judiciário. Já parlamentares governistas minimizaram o episódio, questionando a autenticidade e o contexto da gravação.

Segundo documentos obtidos por aliados de Eustáquio, o ministro Alexandre de Moraes teria mandado apreender o celular de Tagliaferro no final de agosto de 2024 — justamente o período em que as investigações de Greenwald começaram a ganhar força. A decisão, considerada incomum por juristas independentes, não foi seguida por qualquer acusação formal contra o ex-assessor.

Desde então, Tagliaferro mantém-se recluso, evitando aparições públicas e contatos com a imprensa. Sua escolha por não denunciar oficialmente o conteúdo que diz possuir reforça o clima de tensão em torno do caso, alimentando teorias e especulações sobre possíveis represálias ou chantagens.

Nos bastidores do Congresso, cresce o movimento por uma convocação formal de Tagliaferro para depor em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ainda este semestre. Para Flávio Bolsonaro, é fundamental garantir proteção ao ex-assessor para que ele possa apresentar as supostas provas sem medo.

“Se ele tem documentos, que os entregue. Mas, para isso, precisa de segurança e garantias de que não será perseguido ou silenciado”, afirmou o senador.

Por ora, não há previsão oficial para o depoimento. Enquanto isso, o vídeo divulgado por Tavares continua circulando nas redes sociais, reacendendo o debate sobre os limites do poder judiciário e a necessidade de transparência nas instituições brasileiras.

O episódio aprofunda a crise de confiança entre setores do Congresso e o Supremo Tribunal Federal, especialmente no tocante às decisões monocráticas de ministros e à suposta falta de controle externo do Judiciário.

Se confirmadas as alegações de Tagliaferro, o impacto político poderá ser devastador — não apenas para Moraes, mas para toda a estrutura de governança judicial no país.

Aguardam-se os próximos capítulos de um caso que pode redefinir o embate entre os poderes no Brasil.

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