Marinho condiciona permanência de Lupi a ‘condições políticas’

 

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), afirmou nesta quinta-feira, 1.º de maio, que a continuidade de Carlos Lupi (PDT) à frente do Ministério da Previdência Social está sendo analisada com base nas condições políticas da gestão federal. Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda resiste à ideia de demitir o aliado e busca reforçar a narrativa de que o epicentro da crise está no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Lupi está sob pressão desde que veio à tona o escândalo envolvendo descontos indevidos aplicados a benefícios de aposentados e pensionistas, revelado por uma operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU).

As declarações de Marinho foram dadas à imprensa durante sua chegada ao evento de 1.º de Maio promovido por centrais sindicais na zona norte da capital paulista. Ao contrário de anos anteriores, Lula não compareceu ao ato deste ano, marcado por baixa adesão popular.

Marinho destacou que a substituição de um ministro nem sempre está vinculada à prática de irregularidades.

“A conjuntura política pode ser decisiva para a permanência de um ministro. O governo está oferecendo ao ministro Lupi os instrumentos necessários para enfrentar os problemas. Hoje, há uma nova presidência no INSS, que é a principal instituição envolvida. Com isso, o ministro tem as ferramentas para reverter a situação. Agora, tudo dependerá da eficácia e da rapidez das medidas adotadas”, declarou.

Conforme noticiado pelo Estadão, Lula determinou uma intervenção no INSS e nomeou na quarta-feira, 30, o procurador federal Gilberto Waller Júnior para presidir o órgão, no lugar de Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi, que pediu exoneração após ser alvo da operação policial.

Uma das metas da intervenção é reforçar a ideia de que o esquema teve início ainda no governo anterior, sob a gestão de Jair Bolsonaro, conforme apontamentos da Polícia Federal.

Marinho reforçou esse argumento durante o evento sindical. “Esse esquema teve início em 2019, na administração passada. Ali se formou uma quadrilha com o objetivo de lesar aposentados e pensionistas. Assim que o esquema foi detectado, o governo ordenou uma investigação rigorosa. Doa a quem doer, levaremos as apurações até as últimas consequências. Quem tiver culpa, deve ser responsabilizado”, disse o ministro.

Macêdo defende Lupi e diz que não há elementos contra ele

No mesmo evento, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, afirmou em discurso que todos os responsáveis já foram afastados ou punidos. Em entrevista, ele reforçou que “até agora” não há qualquer indício que comprometa a conduta de Lupi.

Uma das críticas direcionadas ao pedetista é a suposta lentidão ao agir, mesmo após ser alertado, ainda em 2023, sobre o aumento de denúncias envolvendo descontos não autorizados. Lupi nega omissão e afirma ter ordenado uma apuração, finalizada em 2024.

“Ele, assim como qualquer outro ministro, está sujeito à demissão caso cometa alguma irregularidade. Reitero o que já está nos autos: não há qualquer envolvimento dele no esquema. Portanto, ele tem plenas condições de continuar à frente da pasta e seguir conduzindo as investigações internas necessárias”, declarou Macêdo.

Lula afirma que foi seu governo que detectou a fraude

Em pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, na noite de quarta-feira, Lula declarou que foi sua administração quem identificou a fraude no INSS. “Determinei à AGU que processe as associações que aplicaram cobranças ilegais, exigindo que elas devolvam os valores aos prejudicados”, disse o presidente.

Apesar disso, há pressão de setores aliados para que Lupi deixe o cargo, mas Lula resiste à troca para sustentar a tese de que a responsabilidade recai sobre o INSS e preservar sua aliança com o PDT.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), também defendeu a manutenção do ministro, dizendo que não há nada contra ele no inquérito da PF.

“O presidente sempre age com muita cautela em relação à presunção de inocência. Acredito que o ministro está prestando os devidos esclarecimentos. Caso, futuramente, surja algo que o comprometa, ele — como qualquer outro ministro — será afastado”, declarou Gleisi à GloboNews.

Como forma de mitigar os efeitos do escândalo, o Ministério da Previdência anunciou que parte dos valores indevidamente descontados será restituída já na próxima folha de pagamento. A equipe presidencial, no entanto, ainda busca um mecanismo jurídico para garantir o reembolso integral. Segundo cálculos da Polícia Federal, os prejuízos causados entre 2019 e 2024 somam R$ 6,3 bilhões.

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