Durante a sessão desta terça-feira, 6 de maio de 2025, no Supremo Tribunal Federal (STF), um momento de tensão ganhou destaque nacional. O ministro Alexandre de Moraes protagonizou uma reação firme e carregada de sarcasmo ao comentar os sucessivos pedidos de suspeição que vêm sendo apresentados contra ele em processos que envolvem investigações de atos considerados antidemocráticos.
Julgamento do “Núcleo 4” e o Clima no STF
O episódio ocorreu no âmbito do julgamento da 1ª Turma do STF, que analisa uma denúncia formal apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A denúncia tem como alvo o chamado “núcleo 4” da alegada tentativa de golpe de Estado que visava manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder, mesmo após o término de seu mandato.
Entre os acusados, estão figuras militares da reserva e civis supostamente envolvidos em articulações consideradas ilegais para contestar os resultados das eleições de 2022.
O Pedido de Suspeição da Advogada
Durante a sessão, a advogada Érica de Oliveira Hartmann, que representa o major da reserva Ailton Barros, tomou a palavra para apresentar um novo pedido de suspeição contra Moraes. Em sua fala, Hartmann argumentou que o ministro não teria a imparcialidade necessária para conduzir o julgamento com isenção, citando suas decisões anteriores e o teor de declarações públicas que, segundo ela, indicariam pré-julgamento.
A intervenção da advogada foi recebida com visível incômodo por Moraes, que não deixou o questionamento passar em branco.
A Resposta de Moraes: Ironia e Irritação
Em resposta, Alexandre de Moraes utilizou um tom visivelmente sarcástico e contundente. Disse estar “profundamente magoado” com a quantidade de pedidos de sua suspeição, comparando com outros ministros que, segundo ele, não enfrentam o mesmo tipo de contestação.
“Fico extremamente magoado, porque, quando surge o nome do ministro Fux, ninguém pede a suspeição dele. Quando aparece o meu nome, são 868 pedidos de suspeição”, afirmou.
E, em tom de provocação, completou:
“Suspeito é quem está pedindo a minha suspeição. É impressionante.”
Sua fala arrancou algumas risadas discretas no plenário, mas o tom era claramente de crítica severa e desconforto com o questionamento à sua atuação.
O Contexto Político-Jurídico
Os pedidos de suspeição contra Alexandre de Moraes não são novidade. Desde que assumiu protagonismo em investigações envolvendo atos antidemocráticos e ataques às instituições — especialmente ao Supremo e ao processo eleitoral — Moraes tem sido alvo constante de críticas por parte de apoiadores do ex-presidente Bolsonaro e de figuras conservadoras.
Essas críticas alegam que suas decisões têm caráter político, o que motivaria a desconfiança quanto à sua imparcialidade. Do outro lado, seus defensores argumentam que o ministro age com firmeza na defesa do Estado Democrático de Direito.
Coragem ou Confronto?
A atitude da advogada Érica Hartmann, ao apresentar o pedido de suspeição durante a sessão, foi considerada por alguns como corajosa, dado o contexto em que a atuação de Moraes se tornou tema sensível. Para outros, tratou-se de uma estratégia de confrontação que beira o desrespeito institucional.
O fato é que sua fala provocou uma resposta direta de um dos ministros mais influentes e combativos da atual composição do STF. O episódio evidencia o grau de polarização que ainda marca o cenário político e jurídico brasileiro.
Ailton Barros e os Envolvidos
O major da reserva Ailton Barros, representado por Hartmann, é um dos nomes citados na denúncia da PGR como integrante do grupo que teria atuado para articular ações contra o resultado eleitoral. Gravações e mensagens indicam que ele teria participado de encontros e diálogos com outros suspeitos, inclusive militares e ex-assessores do ex-presidente.
A defesa de Barros tem insistido na tese de parcialidade do STF — e de Moraes em particular — como estratégia de deslegitimação do processo.
A Repercussão da Sessão
Nas redes sociais, a fala de Moraes e a atuação da advogada dividiram opiniões. Enquanto apoiadores do ministro destacaram sua firmeza e ironia diante de mais uma tentativa de descredibilizar seu trabalho, críticos apontaram que sua reação foi desproporcional e incompatível com o decoro exigido de um magistrado da Suprema Corte.
A oposição ao governo atual, por sua vez, usou o episódio para reforçar a narrativa de que o Judiciário atua de forma parcial contra figuras ligadas ao bolsonarismo.
O Desafio da Imparcialidade no STF
O caso coloca em evidência um dos maiores desafios enfrentados atualmente pelo Supremo Tribunal Federal: a manutenção da imagem de imparcialidade diante de um ambiente profundamente politizado. Em tempos de radicalização ideológica, ministros como Alexandre de Moraes se veem constantemente no centro do debate, acusados por uns de autoritarismo e elogiados por outros pela firmeza diante das ameaças à democracia.
Considerações Finais
O episódio protagonizado por Alexandre de Moraes e Érica Hartmann na sessão do STF de 6 de maio é mais do que um embate pontual. Ele simboliza o grau de tensão entre setores do Judiciário e movimentos políticos que contestam sua autoridade. Ao mesmo tempo, revela o risco de desgaste institucional em um país que ainda tenta consolidar a normalidade democrática após anos de intensa polarização.
Enquanto isso, os julgamentos seguem, e o Supremo continua sendo uma das principais arenas de disputas políticas e jurídicas do Brasil contemporâneo.
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