Julgamento que pode cassar mandato de Beto Faro será realizado nesta quinta no TRE-PA

Depois de quase dois anos de tramitação e sucessivos adiamentos, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) marca para esta quinta-feira, 8 de maio, o julgamento do senador José Roberto Oliveira Faro, o Beto Faro (PT), sob acusações graves feitas pelo Ministério Público Eleitoral. O desfecho pode alterar drasticamente o cenário político do estado, a depender do posicionamento da corte. A apuração é do portal Ver-o-Fato, que teve acesso a documentos e depoimentos exclusivos do processo.

Político de destaque no Pará e aliado do governo federal, Faro enfrenta acusações de abuso de poder político e econômico, além de captação ilícita de sufrágio – popularmente conhecida como “compra de votos”. O julgamento, que será relatado pelo juiz Marcus Alan Gomes, ocorre com seis magistrados após o juiz Thiago Sefer declarar se declarar que sua imparcialidade pode estar comprometida. O processo, movido pelo ex-senador Mário Couto (PP), pode culminar na cassação do mandato e na convocação de novas eleições para o Senado.

Dentre os principais elementos da denúncia estão gravações feitas por ex-funcionárias da empresa Kapa Capital, onde supostamente ocorreu um esquema de troca de votos por vantagens financeiras. Segundo o procurador Alan Mansur, responsável pela ação, as provas reunidas — incluindo vídeos, áudios, documentos e depoimentos — demonstram a existência de um “esquema orquestrado” durante a campanha de 2022, beneficiando Faro e suas suplentes Josenir Nascimento e Leny Campêlo.

Ainda segundo o portal Ver-O-Fato, gravações mostram que funcionários da Kapa eram convocados a reuniões obrigatórias em horário de expediente, nas quais o apoio ao senador era solicitado diretamente. Em uma dessas ocasiões, Faro teria participado por viva-voz. Outra testemunha relatou que houve um evento festivo com sua presença, disfarçado de aniversário da empresa. Os depoimentos também indicam a entrega de documentos de eleitores e promessas de benefícios como plano de saúde.

Em sua defesa, o senador alega que as gravações são ilegais e que não houve comprovação de irregularidades eleitorais. Ele nega participação no suposto esquema e sustenta que as ações da empresa e de seus representantes não podem ser atribuídas à sua campanha. Seus suplentes e os acusados da Kapa Capital também rechaçam as acusações, classificando o caso como perseguição política.

Apesar da gravidade dos fatos, o processo se arrasta desde 2022. O Estado do Pará Online (EPOL) já havia apontado, em dezembro do ano passado, que o então juiz responsável, Rafael Fecury, deixaria o cargo sem concluir o julgamento. A lentidão do processo foi criticada até pelo presidente do TRE à época, desembargador Leonam Gondim. Com o novo julgamento marcado, a corte busca responder à pressão pública por celeridade e imparcialidade.

Nos bastidores, o impacto de uma possível cassação é tratado como uma reviravolta no cenário político do estado. A vaga de senador, caso se confirme a punição, não será herdada pelo segundo colocado, Mário Couto, mas sim submetida a novo pleito — o que já desperta articulações de partidos e lideranças com vistas a 2026. O EPOL tentou contato com o senador Beto Faro e aguarda um posicionamento.

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