Votação de impeachment de Augusto Melo aguardará inquérito policial

O Conselho Deliberativo do Corinthians dará continuidade à votação do impeachment do presidente Augusto Melo somente após a conclusão do inquérito policial sobre o caso VaideBet, afirmou o presidente do Conselho, Romeu Tuma Jr., durante uma conversa com jornalistas no Parque São Jorge, sede do clube paulista.

A expectativa é que os indiciamentos sejam finalizados até o final de maio, com a votação prevista para o início de junho.

Tuma Jr. explicou que aguardará o encerramento das investigações para marcar a reunião que continuará o processo de impedimento. No entanto, ressaltou que, se as investigações se prolongarem além do prazo previsto, a votação poderá ser retomada mesmo antes da conclusão dos trabalhos policiais.

“Não havia segurança para marcar a reunião, conselheiros tinham medo de vir aqui. Temos um inquérito apurando violência contra os conselheiros”, declarou Tuma Jr.

Augusto Melo, que assumiu a presidência em janeiro de 2024, enfrenta atualmente 4 processos de impeachment. O dirigente está sob investigação do DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania) e da 3ª delegacia especializada em crimes de lavagem de dinheiro.

A 1ª votação relacionada ao pedido de impeachment foi suspensa por questões de segurança e horário. Na ocasião, o processo de admissibilidade obteve 126 votos favoráveis contra 114 contrários.

Na reunião com a imprensa realizada no Parque São Jorge, além de Tuma Jr., participaram Leonardo Pantaleão, presidente da Comissão de Justiça, Miguel Marques e Silva, presidente do CORI, e Pedro Luis Soares, secretário do CORI.

O mais recente pedido de impeachment contra Augusto Melo foi elaborado pela Comissão de Justiça e assinado por Leonardo Pantaleão, ex-diretor jurídico da gestão. O documento utiliza aspectos da Lei Geral do Esporte para solicitar a saída do presidente por gestão temerária.

Sobre este último pedido, o presidente do Conselho demonstrou cautela: “Não era para vazar, mas está na imprensa. Estou estudando o que fazer. Não tenho resposta, pois tenho que analisar com cautela. Preciso agir como sempre agi. É o presidente do Conselho que vai agir. Precisamos dar segurança jurídica para patrocinadores, para os nossos torcedores, para o Corinthians, que para mim é o maior clube do mundo”.

Contas de 2023

Tuma Jr. também se posicionou contra a reabertura das contas de 2023, solicitada pela atual diretoria de Augusto Melo. Ele explicou que o processo seria complexo e poderia comprometer contratos já assinados: “Requer uma rotina bastante complexa. Na questão prática, se a gente efetivamente abrir uma conta, todos os contratos que foram assinados depois daquela votação podem ser revistos ou até cancelados. Tem uma falha do estatuto que precisamos corrigir. Pelo estatuto, as contas são votadas em abril”.

A justificativa para não reabrir as contas também se baseia em uma inconsistência no processo. A atual administração foi quem apresentou as contas da gestão anterior. A prestação de contas da gestão que encerrou suas atividades em 2023 foi realizada pela diretoria que assumiu em 2024, com funcionários do departamento financeiro da atual gestão.

O presidente do Conselho expressou preocupação com as consequências institucionais de uma eventual reabertura das contas: “Difícil responsabilizar quem saiu, porque quem prestou as contas não foi quem saiu. Se abrir as contas passadas, vai fazer o quê? Pode desencadear uma situação grave para a instituição Corinthians”.