A AGU (Advocacia Geral da União) vai processar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) por associar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho).
A informação foi confirmada pelo ministro da AGU, Jorge Messias, ao Metrópoles. Messias afirmou que a instituição está tomando as providências necessárias para que a ação seja apresentada às autoridades.
“Adotaremos as medidas necessárias para que o caso seja levado à esfera criminal”, disse.
A medida ocorre depois de Flávio Bolsonaro publicar uma montagem em uma rede social que mostrava uma foto de quando Lula foi detido pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social), durante a ditadura militar. Ao lado dele, aparecem Marcos Herbas Camacho, o Marcola, e Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Na legenda, Flávio escreveu: “CV, PCC e PT: as 3 facções mais perigosas do Brasil”. A publicação não aparece mais nos perfil do senador.
Segundo o Metrópoles, integrantes do governo acreditam que a publicação fere a honra pessoal de Lula e configura crime contra a dignidade do cargo de presidente da República. A representação deverá ser enviada à PGR (Procuradoria Geral da República).
Políticos bolsonaristas criticaram a decisão do governo Lula de não reconhecer organizações criminosas como o PCC e o CV como terroristas.
O tópico foi abordado em uma reunião em Brasília, que contou com a presença de autoridades brasileiras e outros representantes dos EUA liderados por David Gamble. Servidores dos ministérios das Relações Exteriores, da Justiça e Segurança Pública, além da Polícia Federal representaram o Brasil no encontro.
Na ocasião, os representantes dos EUA também disseram que o FBI (Polícia Federal americana) avaliou que o PCC e o CV atuam em 12 Estados americanos e que estão usando o território americano para lavar dinheiro a partir de brasileiros que vão para o país. Segundo eles, 113 brasileiros tiveram visto negado pela Embaixada dos Estados Unidos após serem identificados com vínculo às facções.
O Brasil justificou que a legislação nacional não considera facções criminosas como terrorismo porque a atuação desses grupos não atende a uma única causa, mas busca por lucro oriundo de várias atividades ilícitas.
Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) já tentavam ligar Lula ao PCC antes das eleições presidenciais de 2022, como parte de uma estratégia para desgastar a imagem do presidente.
O assunto PT-PCC voltou à tona em 1º de julho de 2022 depois de o site da revista Veja publicar trechos de depoimento em que o publicitário afirma ter ouvido de um dirigente petista como funcionava suposta relação entre o partido e a facção criminosa.
A reportagem diz que, na versão de Valério, o empresário Ronan Maria Pinto chantageava Lula para não revelar um suposto esquema de arrecadação ilegal de recursos para petistas.