José Alberto “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, em sua modesta fazenda nos arredores de Montevidéu, deixando um legado de humildade e justiça social. Nascido em 1935, Mujica teve uma trajetória marcada pela militância revolucionária nos anos 1960, como membro dos Tupamaros, grupo guerrilheiro que lutava contra as desigualdades sociais, e passou 14 anos preso e torturado durante a ditadura militar uruguaia.
Após a redemocratização, Mujica ingressou na política institucional pela coalizão de esquerda Frente Ampla, sendo eleito deputado em 1994, senador em 2000 e ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca em 2005. Em 2010, assumiu a presidência do Uruguai, onde implementou reformas progressistas que marcaram seu governo, como a legalização da cannabis para uso estatal, a aprovação do casamento igualitário e a legalização do aborto até a 12ª semana de gestação, além de políticas que reduziram a pobreza e mantiveram o desemprego baixo.
Conhecido mundialmente como “o presidente mais pobre do mundo”, Mujica viveu de forma austera, recusando o palácio presidencial, dirigindo seu velho Fusca e doando cerca de 90% do seu salário a causas sociais. Seu discurso crítico ao consumismo e sua defesa do meio ambiente ganharam repercussão internacional, tornando-o uma referência ética e humanista na política global.
Após deixar a presidência em 2015, Mujica continuou atuando como senador até 2020, quando se retirou da vida pública para se dedicar à sua fazenda. Em 2023, enfrentou um câncer de esôfago em estágio terminal, optando por cuidados paliativos e preservando sua privacidade nos últimos meses de vida.
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