Pelo menos um indígena Parakanã foi ferido e outro ficou desaparecido por horas após o quinto ataque armado registrado na Terra Indígena Apyterewa, localizada em São Félix do Xingu, no sudoeste do Pará. A ofensiva ocorreu nesta terça-feira (13) e mobilizou agentes da Força Nacional e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), que foram acionados para a região. Até o momento, nenhum dos autores dos disparos foi localizado.
A vítima foi atingida por bala de chumbo na perna e, segundo lideranças locais, os ataques vêm se intensificando desde dezembro de 2024, quando indígenas começaram a relatar ações violentas de retorno de invasores ao território. O clima de insegurança já levou profissionais da educação e da saúde indígena a solicitarem a retirada da área.
Terra indígena sob ataque
Com 773 mil hectares, a TI Apyterewa é uma das maiores do Brasil e já foi, em anos anteriores, a terra indígena mais desmatada do país. Em 2024, uma operação de desintrusão federal — que consiste na retirada de ocupantes não indígenas — foi concluída por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão visava garantir o direito originário dos Parakanã sobre o território.
No entanto, desde o fim da operação, grupos tentam retornar à terra indígena, motivados principalmente pelo interesse econômico. Os Parakanã denunciam que plantações de cacau e áreas de pasto para gado são os principais alvos da disputa. Os invasores chegaram a vender ilegalmente cerca de 50 mil cabeças de gado dentro do território antes da retirada.
Insegurança e ação federal limitada
Apesar da presença da Força Nacional e da Funai, as comunidades indígenas relatam que a base de patrulha não é suficiente para conter os ataques, que têm sido frequentes e realizados com armas de fogo. Até este último episódio, nenhuma vítima havia sido baleada, o que torna o caso ainda mais alarmante para as aldeias locais.
Organizações da sociedade civil e autoridades federais acompanham a escalada de violência. A situação da TI Apyterewa levanta um alerta sobre a efetividade das ações de proteção e fiscalização, especialmente em áreas onde o interesse econômico sobrepõe os direitos indígenas garantidos por lei e por decisões judiciais.
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