Um sinal de alerta foi ligado no futebol paraense após o caso envolvendo o meio-campista Jaderson, do Remo, e o zagueiro Joaquín Novillo, do Paysandu. Há uma semana, em uma disputa de bola no primeiro clássico Re-Pa da final do Campeonato Paraense, os dois jogadores entraram no protocolo de concussão cerebral após um choque de cabeça.
Na ocasião, Jaderson caiu no gramado do Estádio do Mangueirão já desacordado e ficou cerca de cinco minutos nessa condição. Enquanto o jogador do Remo deixou o estádio na ambulância, o atleta do Paysandu saiu andando em direção ao vestiário, mas logo em seguida foi levado para o hospital.
O caso envolvendo os dois jogadores abriu um novo capítulo na medicina esportiva paraense. Para o chefe do departamento médico do Remo, doutor Jean Klay, isso mostra que ainda não é possível ter uma dimensão da gravidade de um choque de cabeça sem o uso de exames de imagem.

Jean Klay relembrou ainda que, em fevereiro deste ano, o lateral esquerdo Edson Kauã, do Remo, teve uma situação semelhante a de Jaderson. Durante uma partida do Campeonato Paraense, o jogador de 21 anos teve uma concussão cerebral após um choque de cabeça no primeiro tempo e o caso só foi detectado no intervalo da partida.
Segundo o chefe do departamento médico azulino, casos como esses reforçam a importância de haver um “VAR médico”, para que todos os choques de cabeça possam ser avaliados clinicamente por exames.
O caso do Jaderson mostra que não temos como saber a dimensão de um trauma na cabeça sem exames de imagem. Este ano mesmo tivemos o caso do Edson Kauã (lateral do Remo), que não conseguimos detectar em campo. Ele precisou sair no intervalo para que pudéssemos ter certeza da concussão. Por isso, defendo o ‘VAR médico’, para que choques como esse, não perceptíveis a olho nu, sejam avaliados”, destacou Jean Klay.
Protocolo CONMEBOL
Em setembro de 2024, a CONMEBOL atualizou o protocolo médico para casos de suspeita de concussão cerebral. Os primeiros estudos em torno do assunto foram feitos em 2018 pelos médicos Jorge Pagura, presidente da Comissão Médica e de Combate à Dopagem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e Francisco Forriol, responsável científico da CONMEBOL.
A atualização do protocolo serve para os atendimentos no campo de jogo, vestiário e acompanhamento clínico e foram feitas durante a 138ª Assembleia Geral Anual do Conselho da Associação Internacional de Futebol (IFAB) em 2 de março de 2024.
Regra 3 Jogadores – 3.2 Número de substituições”: Substituições permanentes adicionais por concussão: As competições podem permitir substituições permanentes adicionais por concussão de acordo com o protocolo contido em “Observações e adaptações”, e entrou em vigor a partir de 1º de julho de 2024.
Dessa forma, os casos de suspeita de concussão cerebral terão no protocolo de ação um tempo de cerca de 3 minutos para avaliação prévia do atleta ainda no gramado para, em seguida, haver um parecer inicial da equipe médica do clube em relação ao retorno ou saída do jogador da partida.

O primeiro caso de substituição por concussão cerebral foi registrado na Copa América de 2024, realizada nos Estados Unidos. Na ocasião, Uruguai e EUA jogavam quando, aos 26 minutos do primeiro tempo, Maxi Araújo, do Uruguai, sofreu um golpe na cabeça e foi substituído por Cristian Olivera. A equipe norte-americana também ganhou uma substituição a mais.
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