Bolsonaro desabafa: “Se eu for condenado, acabou”

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou publicamente que, caso venha a ser condenado e preso pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sua trajetória na política brasileira estaria oficialmente encerrada. Em tom de desabafo, o ex-chefe do Executivo destacou sua idade e a gravidade das acusações que enfrenta como fatores determinantes para sua saída definitiva do cenário político.

“Se eu for condenado, acabou”, diz Bolsonaro

Durante um pronunciamento recente, Bolsonaro foi direto ao comentar as consequências de uma possível condenação. “Se eu for condenado, acabou”, afirmou. “Estou com 70 anos de idade. Não tenho mais tempo.” A declaração evidencia a percepção de fim de linha por parte do ex-presidente, que considera este momento como sua última chance de retorno à corrida presidencial.

Desde que foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro tem manifestado insistentemente a intenção de reverter essa decisão. Ainda assim, o ex-presidente reconhece que uma eventual sentença de prisão colocaria um ponto final em suas aspirações. Para ele, não seria apenas o fim de sua carreira política, mas também o que chamou de “pena de morte política e física”.

Processo no STF: tentativa de golpe sob investigação

As declarações de Bolsonaro ganham ainda mais relevância diante do processo em que ele figura como réu no Supremo Tribunal Federal. Em 26 de março de 2025, o STF acatou, de forma unânime, a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente e mais sete pessoas. O caso refere-se à suposta tentativa de golpe de Estado ocorrida entre o final de 2022 e o início de 2023, período que envolveu intensas tensões políticas e protestos antidemocráticos.

Todos os cinco ministros da 1ª Turma do STF votaram favoravelmente à abertura da ação penal, entendendo que havia elementos suficientes para investigar a participação direta ou indireta de Bolsonaro em movimentos que buscavam deslegitimar o resultado das eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Última chance de voltar ao Planalto

Apesar da inelegibilidade imposta pelo TSE, Bolsonaro segue acreditando que é possível retornar à cena política, inclusive concorrendo novamente à Presidência da República. Ele tem recorrido judicialmente para tentar reverter a decisão, e afirma que lutará “até o último segundo” para manter viva a possibilidade de disputar as eleições futuras.

Contudo, uma eventual condenação no STF por crimes ligados à tentativa de golpe pode selar, de forma irreversível, sua saída da vida pública. Isso porque além da inelegibilidade, ele poderia enfrentar prisão e a perda definitiva de seus direitos políticos.

“Essa seria minha última chance de me candidatar novamente. Se não for agora, não será mais”, declarou Bolsonaro.

Reação política e impacto para a direita

As falas de Bolsonaro repercutiram fortemente no meio político, sobretudo entre seus aliados mais próximos. Para a base bolsonarista, a possível condenação é vista como uma perseguição política e uma tentativa de silenciar a principal liderança da direita brasileira. Já para os críticos do ex-presidente, o avanço das investigações representa uma oportunidade de responsabilizar figuras públicas por atos que colocaram em risco a estabilidade democrática do país.

A eventual saída de Bolsonaro da disputa eleitoral também abre espaço para uma reorganização dentro do campo conservador. Sem seu nome na corrida, outras figuras da direita devem buscar protagonismo, como os governadores Tarcísio de Freitas (SP) e Romeu Zema (MG), além de parlamentares influentes que têm ganhado força nos últimos anos.

O peso da idade e da saúde

Outro ponto levantado por Bolsonaro foi a questão da idade. Aos 70 anos, ele reconhece que um processo judicial demorado, com potencial para resultar em prisão, tornaria inviável qualquer retorno à vida política. Além disso, o ex-presidente já passou por diversas cirurgias e enfrenta problemas de saúde desde que sofreu um atentado em 2018, durante a campanha eleitoral.

“Não tenho mais tempo. Estou chegando no fim da linha”, afirmou, dando a entender que qualquer condenação significaria não só o fim de sua atuação política, mas também o início de um período difícil do ponto de vista pessoal.

A defesa de Bolsonaro e seus próximos passos

A equipe jurídica de Bolsonaro tem se movimentado para tentar barrar os avanços das ações judiciais. A estratégia inclui questionamentos à legalidade das provas reunidas, além de tentativas de desqualificar as acusações da PGR. O ex-presidente também tem utilizado as redes sociais e entrevistas para mobilizar sua base de apoiadores, reforçando a narrativa de que estaria sendo perseguido por instituições que, segundo ele, perderam a imparcialidade.

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Mesmo diante da possibilidade de prisão, Bolsonaro ainda busca manter sua influência política. Ele tem se reunido com aliados, visitado cidades em eventos políticos e dado declarações que mostram sua intenção de permanecer como liderança central da oposição ao governo Lula.

Considerações finais: o futuro incerto do ex-presidente

As declarações de Jair Bolsonaro marcam um momento de inflexão em sua trajetória política. Ao reconhecer que uma eventual condenação no STF pode encerrar sua carreira, ele revela estar diante de um cenário limite. Ao mesmo tempo em que luta judicialmente por uma reabilitação política, sabe que o tempo e os desdobramentos judiciais jogam contra.

A narrativa de “pena de morte política e física” reflete não apenas o temor da prisão, mas também a percepção de que seu ciclo político pode estar chegando ao fim. Com isso, o Brasil pode estar prestes a assistir ao encerramento de um dos capítulos mais controversos e polarizadores da história recente da política nacional.

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