Nos primeiros quatro meses de 2025, as Bases Integradas Fluviais do Pará realizaram mais de 80 operações de fiscalização, abordaram 781 embarcações e apreenderam mais de 500 quilos de drogas, além de toneladas de madeira e pescado ilegal. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), que coordena as ações nas regiões do Marajó e do Baixo Amazonas.
As bases foram criadas para tentar conter o avanço do tráfico de drogas, crimes ambientais e outras atividades ilegais que se aproveitam da vastidão e da dificuldade de monitoramento da malha fluvial do estado. Os rios, que são a principal via de transporte para grande parte da população paraense, também são utilizados por organizações criminosas para o escoamento de entorpecentes e produtos ilegais.
“Costumo dizer que nossos rios são nossas ruas”, afirmou o secretário de segurança pública, Ualame Machado, ao destacar a importância de ocupar esses espaços com presença estatal. Segundo ele, as estruturas foram posicionadas em pontos estratégicos com base em informações de inteligência, o que permite ações integradas entre diferentes forças de segurança e órgãos de fiscalização.
“Costumo dizer que nossos rios são nossas ruas, e certamente pela vasta extensão deles, muitas rotas de acesso a outros estados, assim como outros municípios paraenses são pela malha fluvial, inclusive essas rotas também se tornam um corredor para grupos criminosos fazerem escoamento de drogas e outros ilícitos nos meios de transportes fluviais.
As bases ‘Antônio Lemos’, em Breves, e ‘Candiru’, em Óbidos, são as duas que atualmente estão em funcionamento. Juntas, elas também apreenderam, entre janeiro e abril, 850 kg de papel picado impregnado com cocaína — ainda em análise pericial —, além de 770 kg de pescado e 470 metros cúbicos de madeira. As ações também resultaram em 13 prisões em flagrante, 11 mandados judiciais cumpridos e a apreensão de seis armas de fogo.
A tecnologia tem sido aliada das equipes: drones, sonares e sistemas de monitoramento são usados para mapear rotas suspeitas e otimizar o patrulhamento, aumentando a eficácia das abordagens. Segundo a Segup, mais de 37 mil pessoas foram abordadas nesse período durante fiscalizações.
Apesar dos números expressivos, os desafios permanecem. O Pará tem mais de 1,2 milhão de quilômetros de rios navegáveis, o que torna o controle total praticamente impossível sem uma política de longo prazo, ampliação de efetivos e investimento constante em tecnologia.
A previsão é que uma terceira base seja instalada entre Abaetetuba e Barcarena nos próximos meses. A obra está com mais de 65% concluída, segundo a secretaria.
Na primeira quinzena de maio, novas apreensões reforçaram a dimensão do problema. Apenas em uma semana, mais de uma tonelada de drogas foi interceptada em Breves, e outras 40 quilos em Óbidos. O volume aponta para a continuidade do uso intenso das rotas fluviais por traficantes e contrabandistas.
Além do enfrentamento ao crime, as bases também atuam na aproximação com as comunidades ribeirinhas, que vivem historicamente à margem da presença do Estado. A proposta é que os moradores também colaborem com informações que auxiliem investigações e denúncias.
Mesmo com avanços, especialistas apontam que sem presença permanente, ações sociais e desenvolvimento local, as bases podem acabar funcionando apenas como ações pontuais de repressão, e não de transformação estrutural da segurança pública nessas regiões.
Leia Mais:
O post Bases fluviais ajudam a combater crimes nos rios do Pará, mas desafio ainda é enorme apareceu primeiro em Estado do Pará Online.