Carreguei na tinta ao criticar ministros, diz ex-secretário de Torres

O ex-secretário Executivo do Ministério da Justiça Antonio Lourenzo admitiu nesta 4ª feira (28.mai.2025) que publicações suas nas redes sociais criticando ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e integrantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram feitas no “calor da emoção” e “carregadas demais nas tintas”.

Em depoimento à Corte como testemunha na ação penal por tentativa de golpe, Lourenzo disse que se arrepende de expor opiniões pessoais que deveriam ser guardadas. “As redes sociais não são arena para isso. Eu me arrependo porque são opiniões pessoais que eu deveria guardar para mim”, declarou.

O brigadeiro da Força Aérea falou como testemunha do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, réu na ação penal por “golpe”. Lourenzo falava sobre como considerava que a transição entre gestões no Ministério da Justiça foi “pacífica” quando o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, o questionou sobre publicações suas no X (antigo Twitter).

Segundo Moraes, o militar teria criticado o então futuro ministro Flávio Dino por convocar uma coletiva de imprensa depois que a sede da PF (Polícia Federal) foi alvo de uma tentativa de invasão em 12 de dezembro de 2022. Lourenzo teria criticado o governo por não ter assumido ainda. O perfil na rede social foi apagado pelo brigadeiro.

O magistrado também citou uma crítica ao ministro Roberto Barroso, então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em que Lourenzo teria chamado-o de “adolescente metido a influencer”.

“Novamente lá vem a emoção das redes sociais. Isso não tem nada a ver com urnas. Já que o senhor me permitiu falar sobre isso. Eu acabo emitindo uma opinião na rede social, outros ministros assim o fizeram com recomendações de livros e músicas que havia uma conotação de ataque ao governo. O maior aprendizado para mim é que as redes não são arena para isso, temos que guardar opiniões para si. Foram opiniões pessoais e não deveria colocá-las nas redes sociais”, declarou.

DEPOIMENTOS

A 1ª Turma do STF começou a ouvir em 19 de maio os depoimentos das testemunhas indicadas pelo núcleo crucial da tentativa de golpe. Segundo a PGR, o grupo teria sido o responsável por liderar a organização criminosa.

Depuseram nesta 4ª feira (28.mai) as testemunhas de Anderson Torres:

  • Antonio Ramiro Lourenzo, ex-secretário executivo do Ministério da Justiça; e
  • Rosivan Correia de Souza, ex-coordenador de Eventos e Atividades Especiais da SSP-DF.

Os depoimentos das testemunhas de Torres continuarão na 5ª feira (29.mai) e na 6ª feira (30.mai). As oitivas devem ser finalizadas até 2 de junho. Nesta semana, também falarão as testemunhas indicadas por Jair Bolsonaro, pelo ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e pelo general Walter Braga Netto, todos réus por tentativa de golpe.