Vítimas de massacre protestam em encontro do MST ocorrido no último dia 24 em Parauapebas/PA (arquivo do movimento)
No dia 11 de outubro do ano passado, policiais fortemente armados tomaram violentamente o acampamento Terra Prometida, ligado ao Movimento dos Trabalhadores Sem-terra, localizado na fazenda Mutamba, município de Marabá, no sudeste do Pará.
A operação da Polícia Civil designada “Fortis Status” na fazenda de propriedade da família Mutran- a qual, vale lembrar, possui em seu histórico três fazendas autuadas por trabalho análogo à escravidão- visava executar três prisões preventivas e 18 mandados de busca e apreensão. Porém, o que acabou resultando foram as lamentáveis prisões de pessoas que não eram alvo dos mandados, muitos indícios de tortura e as mortes dos camponeses Adão Rodrigues e Edson da Silva.
Na época, alguns veículos de imprensa divulgaram que os policiais agiram para conter a reação dos acampados, o que contradiz os relatos obtidos pelo ponto de pauta. “A versão que saiu na imprensa fala de confronto. Não houve confronto. O que aconteceu na Mutamba com as famílias do Terra Prometida não foi confronto, foi execução, foi premeditado, e eles não tiveram condição, nem tiveram tempo de reagir à ação da polícia. A tese do confronto, ela não baseia, porque como é que há confronto se o trabalhador é surpreendido dormindo dentro de uma rede e é assassinado dormindo?”, relatou a militante do MST sobre a operação que foi realizada por volta das 4 horas da manhã.
O Ministério Público do Pará abriu investigação, solicitando à Polícia Federal que perícias e exames residuográficos fossem conduzidos para determinar se houve resistência das vítimas.
Acampados estão novamente sob ameaça
No último dia 15 de maio, ainda em luto pelos assassinados em outubro e com integrantes sofrendo de sequelas pelas torturas impetradas, os acampados do Terra Prometida foram mais uma vez surpreendidos. A juíza de Marabá Ana Elisa Braga Mendonça expediu uma intimação aos associados camponeses, para comparecerem a uma audiência de despejo, conforme denúncia recebida pelo Ponto de Pauta.
De acordo com as denúncias, o ocorrido em 11 de outubro não foi levado em consideração, apesar dos relatos consistentes de tortura e dos dois assassinatos confirmados. “Os juízes nem ‘avaliou’ aquela chacina que teve. Gente com sequela e tudo, e já ‘deu’ o cumprimento do despejo pra nós”, disse uma acampada que terá sua identidade preservada.
A audiência de despejo está marcada para acontecer no próximo dia 6 de junho, e pretende reintegrar à família Mutran a posse da fazenda Mutamba. Segundo a intimação, os camponeses devem comparecer ao julgamento que previamente já determina a “desocupação”. Porém, os acampados ainda têm esperança que os órgãos competentes consigam reverter a decisão.
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