Comissão da Câmara dos Deputados vem ao Pará apurar trabalho escravo e violência no campo

Deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ) participa da missão oficial da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial. Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

A Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados vai visitar o município de Redenção, sul do Pará, com o objetivo apurar graves violações de direitos humanos no campo, com foco em casos históricos de trabalho escravo, conflitos agrários e violência contra trabalhadores rurais. A viagem, liderada pelo presidente da comissão, deputado Reimont (PT-RJ), e terá a participação do deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ).

A principal atividade da agenda será a audiência de instrução e julgamento da ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) contra a Volkswagen do Brasil. O processo cobra R$ 165 milhões em indenização por danos morais coletivos e medidas reparatórias pelo uso de trabalho análogo à escravidão na Fazenda Vale do Rio Cristalino, entre os anos de 1974 e 1986. A propriedade, conhecida como “Fazenda Volkswagen”, foi operada por uma subsidiária da montadora financiada com recursos públicos durante a ditadura militar. A audiência ocorrerá presencialmente na Vara do Trabalho de Redenção.

Além da agenda judicial, os parlamentares participarão de um encontro com movimentos sociais rurais no salão da Paróquia Cristo Redentor, voltado à escuta de denúncias sobre conflitos fundiários, violência no campo e a continuidade de práticas abusivas. A região sul do Pará permanece entre as mais afetadas por grilagem, ameaças de morte, assassinatos e exploração de mão de obra em condições degradantes.

De acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), entre 1985 e 2023, foram registrados mais de 50 mil conflitos agrários no Brasil, atingindo cerca de 8,9 milhões de pessoas. O Pará lidera os rankings nacionais de violência no campo e casos de trabalho escravo contemporâneo. A região amazônica responde por 63,5% das ocorrências desse tipo de violação.

Para Tarcísio Motta, a missão tem papel decisivo na reparação histórica e na garantia de não repetição. “Estar presente em Redenção é reafirmar nosso compromisso com a verdade, com a memória e com a justiça. Não se trata apenas de punir responsáveis, mas de reconhecer a dor das vítimas e garantir que tragédias como essas jamais se repitam. É nosso dever como parlamentares dar voz a quem historicamente foi silenciado”, afirmou o deputado.

 

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