Indígenas do Xingu repudiam declarações de Zequinha Marinho sobre demarcações: “A terra é nossa!”

Um outdoor com a imagem do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), instalado nas proximidades de Altamira, provocou revolta entre lideranças indígenas da região do Xingu. O material exalta o parlamentar como defensor do “agro sustentável” e afirma que ele dá voz ao Pará no Senado.

No entanto, a reação de caciques e guerreiros indígenas foi imediata: em vídeo gravado na Terra Indígena Kayapó, o cacique Kryt e outros indígenas repudiaram a presença e as falas do senador.

“O Zequinha Marinho não é bem-vindo aqui. Ele é falso, não representa o povo indígena. Essa terra aqui é nossa, dos Kayapó, e ninguém vai tirar”, afirmou o cacique Kryt no vídeo, cercado por outros indígenas armados com arcos, flechas e vestindo trajes tradicionais.

A reação veio após declarações de Zequinha no Senado, em que o parlamentar criticou o processo de demarcação de terras indígenas pela Funai.

“A Funai tem oito terras indígenas em estudo e 37 requeridas. Quando uma ONG entra com um pedido, a Funai já lança no sistema. Isso vira uma trava. Muitas dessas áreas não têm índios, são fazendas rurais”, disse o senador.

Ele ainda afirmou que os povos indígenas “não sabem o que fazer com tanta terra” e criticou o impacto disso sobre a cadeia produtiva rural.

O senador também mencionou o rastreamento do gado feito pelo Governo do Pará, afirmando que animais criados em áreas “pretendidas” pela Funai não poderiam ser comercializados.

“O produtor vai ter que comprar esse gado que nascer em área pretendida, senão não consegue vender”, declarou.

As falas geraram forte reação entre os indígenas. Para eles, o discurso de Zequinha representa uma ameaça à integridade de seus territórios e ignora sua história e modo de vida.

O outdoor, assinado por “Amigos de Altamira”, traz a frase: “Zequinha Marinho: o agro sustentável tem voz no Senado”, e tenta associar a imagem do parlamentar ao progresso do setor agropecuário. No entanto, para os indígenas, essa propaganda apenas reforça uma tentativa de silenciamento e apagamento de suas lutas históricas.

A reportagem tentou contato com o senador, mas até o momento da publicação desta matéria, não obteve retorno.

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