Empresas vendem listas com dados de beneficiários do INSS

Listas com dados de beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) são vendidas por empresas em pacotes com valores que variam de R$ 150 a R$ 600. A obtenção de informações pessoais sem o consentimento dos titulares é ilegal, segundo a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

De acordo com reportagem da CNN Brasil, publicada nesta 2ª feira (2.jun.2025), o público-alvo preferencial das empresas que comercializam esses dados é formado por advogados cujo objetivo é buscar clientes que tiveram descontos indevidos e abrir processos.

As listas incluem informações como nome completo, número do CPF, data de nascimento, endereço, nome da mãe, valor do benefício, telefones e e-mails.

As tabelas vendidas contêm também um filtro por descontos de associação, especificando o nome da entidade, os valores das parcelas, a data de início do pagamento ou de adesão.

Além disso, outros dados restritos ao sistema do INSS e Dataprev, como, por exemplo, a data de início da aposentadoria ou pensão, margem disponível para consignados e os contratos de empréstimos que estão ativos, são vendidos.

Os dados comercializados pertencem a aposentados e pensionistas de todos os Estados. De acordo com a CNN, o custo das listas varia conforme o número de pessoas incluídas ou a especificidade da localização:

  • 500 nomes: R$ 150;
  • 1.000 nomes: R$ 250;
  • 5.000 nomes: R$ 350;
  • 10.000 nomes: R$ 450;
  • dados de beneficiários 1 Estado completo: R$ 600.

A reportagem simulou a compra dos dados de uma empresa: a Nexus Soluções em Assessoria Jurídica. Com a obtenção da prévia das listas vendidas, foi constatado que as informações eram verdadeiras. A reportagem confirmou os dados com duas aposentadas e uma pensionista de São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis. Além disso, constatou que ao menos 3 advogados de 3 Estados têm acesso a listas como essa.

No diálogo, quando questionado sobre como obtinha os dados do INSS, o vendedor respondeu: “Temos uma equipe responsável pela captação e depois apura os dados com um pessoal dentro da previdência”.

O uso de dados obtidos de forma ilegal é vetado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Segundo o artigo 39 do Código de Ética e Disciplina, “a publicidade profissional do advogado tem caráter meramente informativo e deve primar pela discrição e sobriedade, não podendo configurar captação de clientela ou mercantilização da profissão”.

A CNN Brasil entrou em contato com a Nexus Soluções e questionou onde os dados são obtidos, por que a empresa fere as leis brasileiras e se não temem serem alvos de uma investigação ou punição por isso. No entanto, recebeu a seguinte resposta: “Nem vou perder meu tempo com quem não tem conhecimento“.


Leia mais: