Enfermeira mata amante com injeção letal para evitar que ele interferisse em seu casamento

A enfermeira Nara Priscila Carneiro foi condenada na última quinta-feira a 28 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato do enfermeiro Ramam Cavalcante Dantas, de 26 anos, com quem mantinha um relacionamento extraconjugal. O crime, ocorrido em 2017 em um hospital infantil particular de Fortaleza, foi classificado pela Justiça como homicídio triplamente qualificado, com os agravantes de motivo torpe, uso de meio insidioso e meio que dificultou a defesa da vítima. Conforme divulgado e publicado pelo G1.

De acordo com a sentença, a enfermeira aplicou em Ramam uma substância sedativa combinada com outra droga que atua diretamente no sistema respiratório e cardíaco, levando à parada cardíaca. Segundo as investigações, o composto utilizado é o cloreto de potássio, substância que, em combinação com sedativos, é amplamente utilizada em execuções por injeção letal em certos estados norte-americanos.

Além da pena de prisão, Nara foi condenada ao pagamento de R$ 40.500 a título de indenização por danos morais à família da vítima.

Motivo torpe: ocultar gravidez do amante

Durante o julgamento, o Conselho de Sentença reconheceu como motivo torpe o fato de a ré querer ocultar a relação extraconjugal e a gravidez decorrente desse relacionamento, temendo a destruição de seu casamento.

“A ré pretendia esconder o relacionamento extraconjugal que tinha com a vítima para preservar seu casamento”, aponta a sentença.

De acordo com o Ministério Público do Ceará (MPCE), Nara era casada há 11 anos e mantinha o caso com Ramam há cerca de um ano e nove meses. À época do crime, ela estava grávida de Ramam, que desejava assumir a paternidade da criança e oficializar o relacionamento.

Vítima envenenada dentro de hospital

O homicídio foi cometido dentro da Unidade de Cuidados Especiais (UCE) do hospital infantil onde ambos trabalhavam. Segundo os autos, o crime ocorreu por volta das 16h30 do dia 10 de julho de 2017, durante um momento de inatividade no setor. Ramam era supervisor de atendimento e foi encontrado desacordado.

Inicialmente, suspeitou-se de suicídio. Contudo, durante as investigações, surgiram indícios claros da participação de Nara. O acesso restrito à sala, que estava trancada com a chave guardada na gaveta de Nara — então chefe da emergência —, e a exclusividade de acesso aos medicamentos usados na morte foram fatores determinantes.

“A acusada abusou da confiança que a vítima lhe tinha para cometer o delito, bem como, a agravante do uso de meio insidioso, pois, também reconhecido pelo Conselho de Sentença que a vítima foi envenenada com uso […] e […]”, diz um trecho do documento judicial.

As câmeras de segurança confirmaram que apenas Nara saiu da sala onde ambos haviam entrado. Além disso, a perícia identificou um perfil genético majoritariamente feminino no frasco contendo a substância letal.

“Diante dos depoimentos colhidos em juízo, conclui-se pela existência de indícios de autoria que convergem na direção da Denunciada”, afirmou o Ministério Público.

Uso do conhecimento profissional para matar

O julgamento também levou em conta que Nara se valeu de seu conhecimento técnico em enfermagem para cometer o crime, utilizando insumos hospitalares e aplicando uma combinação fatal de drogas com precisão. Esse aspecto foi interpretado como uma agravante relevante, pois denota premeditação e frieza.

“As consequências são graves, posto que a vítima, além de muito jovem, deixou um filho menor de outro relacionamento, além do filho fruto do relacionamento com a própria ré, ainda em fase de gestação, deixando-os na orfandade paterna, causando aos menores, para além do abandono econômico, a privação emocional e afetiva que poderia ser suprida com a presença do genitor que, segundo os autos, buscava com todo esforço, assumir o relacionamento com a Ré, bem como a criação e educação do seu filho, filho este que na data da sua morte, estava em processo de gestação no ventre de sua mãe”, conclui o documento.

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