Altamira, no sudoeste do Pará, quer virar o jogo na Amazônia. Marcada historicamente por desmatamento, desigualdade social e precariedade urbana, a cidade apresenta uma proposta ousada: se tornar um Território de Transição Climática e Sustentabilidade Socioambiental, sendo referência para outras regiões da floresta.
A ideia será levada à COP30, que ocorrerá em Belém, como modelo de enfrentamento à crise climática por meio de soluções locais. A proposta parte do diagnóstico de que mais de 70% da população amazônica vive em cidades, muitas vezes sem acesso a serviços básicos como saneamento, saúde e transporte. É a chamada “floresta urbanizada sem urbanidade”.
A floresta em risco e as cidades esquecidas
Mesmo sendo o lar de mais de 30 milhões de pessoas, a Amazônia brasileira ainda sofre com falta de planejamento urbano, degradação ambiental e exclusão social. Sem políticas públicas estruturantes, cresce a pressão sobre a floresta e os recursos naturais.
Nesse contexto, Altamira se coloca como símbolo desse paradoxo e também como terreno fértil para a mudança. O município quer provar que é possível conciliar proteção ambiental, geração de renda e melhoria da qualidade de vida.
Projeto Floresta é Vida: ações práticas e metas concretas
O projeto central da proposta é o “Floresta é Vida”, que prevê:
- Plantio de 1 milhão de mudas (cacau, açaí e espécies nativas);
- Implantação de uma usina de beneficiamento de cacau para agregar valor à produção local;
- Inclusão produtiva de famílias por meio da bioeconomia e da agricultura familiar;
- Educação ambiental e capacitação técnica;
- Redução de desmatamento, queimadas e emissões de gases poluentes.
Se bem executado, o projeto pode capturar até 5 mil toneladas de carbono por ano, além de criar empregos e fortalecer cadeias sustentáveis.
Altamira como modelo para o Brasil e o mundo
A proposta se alinha a compromissos globais como o Acordo de Paris, a Agenda 2030 da ONU e o Plano de Prevenção ao Desmatamento (PPCDAm). Mais que uma iniciativa local, ela representa um chamado à ação para governos, instituições e a sociedade civil.
Na visão dos autores – o sociólogo Manoel Alves da Silva e os engenheiros agrônomos Alexandre de Almeida Queiroz e Rony Madson Labres –, Altamira pode se tornar um exemplo de como enfrentar a crise climática com soluções integradas, inclusivas e sustentáveis.
Um apelo à COP 30
A realização da COP 30 em Belém é vista como uma oportunidade histórica. Para os autores do projeto, o evento não pode ser apenas simbólico: deve marcar um compromisso real com uma Amazônia que respeite tanto a floresta quanto os direitos das populações que nela vivem.
O recado é claro: a Amazônia não precisa apenas de preservação – ela precisa de justiça social, investimento urbano e alternativas econômicas de baixo impacto.
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