Durante conversa com jornalistas na manhã, desta terça-feira (3/6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender o fortalecimento do diálogo internacional e a importância da retomada do protagonismo brasileiro no cenário global.
Lula se prepara para visita de Estado à França, de 4 a 9 de junho. A programação inclui encontros com o presidente francês, Emmanuel Macron, atividades econômicas, culturais e acadêmicas, além de cerimônias oficiais que simbolizam o estreitamento da parceria estratégica entre as duas nações.
Na conversa com jornalistas, Lula reforçou a defesa de um sistema internacional baseado no diálogo, na igualdade e na busca por soluções coletivas, capaz de garantir relações comerciais mais justas e enfrentar crises globais. No âmbito das recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, a prioridade para o presidente é seguir em busca de uma solução negociada. “Vamos tentar gastar todo o tempo possível negociando. Mas, se não houver acordo, nós vamos à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou adotaremos uma decisão de reciprocidade”, afirmou.
E comentou sobre temas centrais da política externa, como a defesa do multilateralismo, do livre comércio e dos valores democráticos e listou compromissos internacionais da agenda das próximas semanas.
“Faz 13 anos que o Brasil não faz uma visita de Estado à França. Então eu vou à França, vou ter reunião com o presidente (Emmanuel) Macron e discutir assuntos de interesses globais. Certamente vamos discutir a guerra da Rússia e da Ucrânia, o massacre do exército de Israel à Faixa de Gaza. o acordo União Europeia-Mercosul. Vamos discutir coisas na área da defesa, porque nós temos uma parceria na área do submarino nuclear. E ao mesmo tempo, vou ter reunião com empresários brasileiros e franceses. Queremos vender o bom momento do Brasil aos empresários franceses para saber se é possível atraí-los a fazer mais investimentos ou parceria privada”, disse Lula na entrevista coletiva concedida hoje.
O presidente informou ainda que irá vou ao Principado de Mônaco para debate com os empresários sobre a economia azul. Em seguida, será homenageado na Academia Francesa de Letras e, na Universidade de Paris 8, receberá o título de Doutro Honoris Causa. Conhecida também pelo nome de Paris 8 de Vincennes Saint-Denis, a universidade foi fundada em 1969 como resposta às transformações sociais e educacionais impulsionadas pelos protestos de Maio de 1968 na França.
“Depois eu vou visitar a prefeitura de Paris para alguns encontros políticos. Depois eu vou a Nice participar da Conferência dos Oceanos.” A Terceira Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos busca promover o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 14 da Agenda 2030, dedicada à conservação e uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos.

CARICOM E BRICS
Na sequência, o Presidente Lula será o anfitrião da Cúpula Brasil-Caribe, em Brasília, dia 13 de junho, e da Cúpula do BRICS, em julho, no Rio de Janeiro. Entre as agendas, Lula ainda foi convidado para o encontro do G7, no Canadá, mas ainda vai definir a participação. “Eu gostaria de ir porque sempre gosto de participar desse fórum e dar o recado que o Brasil tem que dar. Mas vai depender da agenda, porque voltar de uma viagem e depois emendar outra é pesado.”
REGULAÇÃO DAS REDES DIGITAIS
Outro ponto destacado na coletiva foi a necessidade de regulação internacional para plataformas digitais. Segundo Lula, a proliferação de desinformação ameaça democracias no mundo inteiro e exige uma ação coordenada dos países. O presidente relatou que já abriu diálogo com líderes como o presidente da China, Xi Jinping, para discutir formas de enfrentar o problema. “Eu fiz questão de conversar com o presidente Xi Jinping sobre a necessidade de a gente ter uma pessoa para discutir essa questão, do que se fazer na regulação e no tratamento dessas empresas. Porque não é possível que o mundo seja transformado num banco de mentiras, em que vocês que são jornalistas têm que, todo dia, ficar desmentindo notícias”, afirmou. “Por isso, nós temos que fazer uma regulamentação, ou pelo Congresso Nacional, ou pela Suprema Corte”.
GAZA
Lula também voltou a comentar a situação em Gaza e reafirmou sua posição. Para o presidente, o que ocorre no território palestino não pode ser tratado como guerra. “O que está acontecendo em Gaza não é uma guerra. É um exército matando mulheres e crianças”, afirmou. O presidente defendeu que só haverá paz quando houver o reconhecimento pleno do Estado Palestino, com fronteiras definidas e garantias de soberania.