Lixo reciclável vira renda, mas sistema público ainda patina em Belém

No Dia Mundial do Meio Ambiente, cooperativas e iniciativas sustentáveis em Belém destacam avanços na coleta seletiva, mas apontam que ainda há um longo caminho a percorrer. A cidade, que por anos teve dificuldades na destinação correta dos resíduos, começa a reorganizar seu sistema de reciclagem com apoio da gestão municipal e maior conscientização da população.

Débora Baía, presidente da cooperativa Concaves, afirma que a atual administração tem fortalecido as cooperativas e ampliado os pontos de entrega voluntária (LEVs), mas lembra que a coleta seletiva foi descontinuada por um tempo, o que desmotivou muitos moradores. “Estamos retomando a confiança da população. Quanto mais pontos tivermos em Belém, onde o cidadão possa identificar e levar o material reciclável próximo de sua casa, melhor”, diz.

A cooperativa recebe materiais como papel, plástico, vidro e metal. Um exemplo é o plástico, que, ao chegar no galpão, é separado por tipo e cor para agregar valor e ser reaproveitado pela indústria. A triagem e o reaproveitamento geram renda para dezenas de famílias.

“Tudo aquilo que for reciclável – papel, plástico, vidro, metal – pode ser colocado em um único recipiente, porque, quando chega aqui na cooperativa, fazemos uma nova triagem. Essa separação mais minuciosa é feita por nós. Separando, pelo menos, o seco do orgânico, já ajuda muito”, destacou.

O empreendedor social Ted Vale, do instituto Alachaster, aponta que a logística reversa ainda é um gargalo no Brasil. Segundo ele, é preciso envolver poder público, sociedade civil e empresas no processo. “Existe uma massa considerável – e não são poucas pessoas – que acredita que suas atitudes não repercutem na limpeza da cidade”, afirma.

Dados mostram que o Brasil recicla cerca de 53% do PET, enquanto o alumínio chega a 99% de reaproveitamento. Já o lixo eletrônico, segundo a Embrapa, tem apenas 3% de reciclagem.

Mesmo quem ainda não separa o lixo pode contribuir. O universitário Weyder Vasconcelos diz que tenta evitar o descarte irregular e adota um consumo mais consciente. “Pessoalmente, eu diria que não participo, confesso que não faço parte de nenhum processo de reciclagem. Mas o que posso fazer é, por exemplo, guardar meu lixo em vez de jogar na rua, segurar comigo até encontrar uma lixeira. Esses pequenos detalhes também contam. Além disso, tento ser o menos consumista possível, ter um consumo mais consciente, para diminuir o impacto que eu deixo”, afirma.

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