UE pressiona China sobre escassez de terras raras para indústria automotiva

O comissário europeu de Comércio, Maroš Šefčovič, questionou na 3ª feira (3.jun.2025) o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, sobre a escassez de elementos de terras raras e ímãs permanentes que afeta a indústria automobilística europeia.

O sistema de licenciamento implementado por Pequim em abril de 2025 está causando atrasos nas entregas desses materiais essenciais para fabricantes europeus. As restrições surgiram depois que o presidente dos EUA (Estados Unidos da América), Donald Trump (Partido Republicano), anunciou aumento de tarifas sobre produtos chineses.

“Informei meu colega chinês sobre a situação alarmante da indústria automobilística europeia. As terras raras e os ímãs permanentes são essenciais para a produção industrial… isso está sendo extremamente disruptivo”, disse Šefčovič.

A medida adotada pelo Ministério do Comércio da China afeta 7 tipos de terras raras e ímãs, materiais fundamentais para diversos produtos industriais. Segundo autoridades europeias, estas restrições são interpretadas como forma de Pequim exercer pressão econômica no contexto das tensões comerciais globais.

A China controla aproximadamente 90% do processamento mundial de ímãs de terras raras, o que torna países ocidentais, especialmente os europeus, vulneráveis a alterações na política comercial chinesa relacionada a esses materiais.

Na reunião, representantes da UE (União Europeia) e da China “compararam números” sobre as licenças de exportação. “Os dados dele eram muito melhores que os meus”, disse Šefčovič, acrescentando que “Montadoras estão alertando para grandes dificuldades em pouco tempo. Ele prometeu esclarecer quanto antes.”

Os impactos já são visíveis no setor industrial. Na semana passada, a Ford suspendeu temporariamente a produção de SUVs em sua fábrica de Chicago por falta de ímãs.

Executivos do setor automobilístico alertam que os estoques atuais durarão apenas algumas semanas ou poucos meses.

Em resposta à escassez, a Comissão europeia busca diversificar suas fontes de abastecimento. O comissário europeu da Indústria, Stéphane Séjourné, anunciou na 4ª feira (4.jun.2025) uma lista com 13 projetos em países terceiros, incluindo o Reino Unido, para garantir acesso a matérias-primas estratégicas até 2030.

“O bloqueio reforça nossa determinação de diversificar e reduzir dependências”, declarou Séjourné.

Nos Estados Unidos, associações do setor automotivo manifestaram preocupação à administração Trump no mês passado, alertando que os atrasos na concessão das licenças pela China estavam causando “grandes interrupções” na cadeia global de fornecimento.

Ainda não está claro se as restrições chinesas são deliberadamente direcionadas contra empresas da UE. Maximilian Butek, diretor da Câmara de Comércio alemã na China, sugere que o problema pode ser mais burocrático do que político.

“É só um monstro burocrático que criaram”, disse Butek. “A China está tentando melhorar sua relação com a Europa, com várias delegações diplomáticas vindo à Alemanha. Não acho que atacariam esse setor agora.”

Para Abigaël Vasselier, do think tank alemão Merics, a indústria europeia tornou-se vítima colateral na disputa comercial entre China e EUA. “Agora estamos falando de perda de empregos na Europa”, afirmou.

O presidente da Câmara de Comércio da UE na China, Jens Eskelund, destacou que a pressão diplomática e empresarial para normalizar as exportações está aumentando. “Para quem defende a redução de riscos, isso é a prova do porquê”, disse.