O secretário de Educação do Pará, Rossieli Soares, anunciou nesta sexta-feira (14) que pediu exoneração do cargo ao governador Helder Barbalho (MDB). Em vídeo divulgado nas redes sociais, Rossieli afirmou que a decisão foi tomada “com carinho e respeito”, após conversa direta com o chefe do Executivo estadual.
“Talvez vocês já saibam, mas eu apresentei minha carta de exoneração após conversar com o governador. Alcançamos o maior crescimento da história da educação no Pará. Chegou meu momento de agradecer e informar que não farei mais parte da educação do Pará”, declarou.
Apesar do tom amistoso, Rossieli deixa a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) em meio a fortes protestos de indígenas e profissionais da educação, que marcaram o início de 2025. Um dos principais focos de tensão foi a Lei 10.820/2024, criticada por impor um modelo de educação a distância para comunidades indígenas por meio do Centro de Educação Multimídia do Pará (CEMEP).
Em janeiro deste ano, lideranças indígenas ocuparam a sede da Seduc em Belém, denunciando que o novo modelo desconsidera as realidades culturais, linguísticas e tecnológicas das aldeias. A ocupação foi marcada por denúncias de corte de água e energia, além do uso de spray de pimenta pelas forças de segurança. Os manifestantes chegaram a pedir a exoneração de Rossieli, alegando postura autoritária e desrespeito à educação indígena diferenciada.
Paralelamente, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp) anunciou greve e também cobrou a saída do secretário. A entidade criticou a gestão por falta de diálogo, mudanças unilaterais nas políticas educacionais e medidas que, segundo o sindicato, desvalorizam professores e prejudicam o ensino presencial.
Rossieli Soares ocupava o cargo desde janeiro de 2023. Mestre em Gestão e Avaliação Educacional, já havia sido ministro da Educação no governo Michel Temer e atuado como secretário nos estados de Amazonas e São Paulo. No Pará, chegou a ser elogiado pela expansão das escolas de tempo integral, mas sua permanência passou a ser questionada devido às crises recentes.
A exoneração ainda não foi publicada no Diário Oficial do Estado, e o nome do substituto não foi anunciado oficialmente. A expectativa é de que o novo titular da pasta seja divulgado na próxima segunda-feira (16).
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