A Polícia Federal prendeu em flagrante, ontem, dois homens dentro de uma agência bancária em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, transportando R$ 1.215.648,00 em espécie. A apreensão, que remete aos episódios mais escandalosos de corrupção no Brasil, foi resultado de uma investigação iniciada a partir de um alerta do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que detectou movimentações financeiras atípicas feitas por um sócio de empresa com contratos milionários junto a órgãos públicos do Pará.
As prisões ocorreram no momento em que o dinheiro era sacado, sem justificativa aparente, contrariando qualquer lógica operacional ou comercial transparente. O caso traz à tona mais uma grave suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo empresas e contratos públicos no estado – um cenário que, infelizmente, tem se repetido com frequência preocupante.
Além do montante em espécie, a PF apreendeu celulares, um veículo utilizado pelos suspeitos e comprovantes bancários. Todos os itens serão periciados. Os dados dos celulares devem fornecer pistas adicionais sobre o caminho do dinheiro e, possivelmente, identificar novos envolvidos no esquema.
O dinheiro será depositado judicialmente na Caixa Econômica Federal, como determina o procedimento padrão.
A investigação, que corre sob sigilo, já conta com inquérito instaurado com base no Relatório de Inteligência Financeira (RIF) nº 126588, do Coaf, que aponta uma possível sistemática de operações semelhantes — indício de que o episódio em Ananindeua pode ser apenas a ponta de um iceberg.
De acordo com a Polícia Federal, há fortes evidências dos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva. A corporação já notificou o Ministério Público Federal e o Juízo Federal das garantias, solicitando o encaminhamento do caso à vara especializada em crimes de lavagem de capitais. Um relatório do setor de combate à corrupção da PF foi requisitado para aprofundar as diligências, que incluem a verificação de compatibilidade da movimentação financeira com a renda declarada da empresa sob investigação.
A repetição de casos como esse expõe, mais uma vez, a fragilidade dos mecanismos de controle nos contratos públicos no Pará. De empresários a agentes políticos, a malha da corrupção parece se estender de maneira silenciosa, porém eficaz, muitas vezes escorada na impunidade e na falta de fiscalização rigorosa.
A sociedade paraense, que já convive com escândalos em série, precisa estar atenta e cobrar transparência dos entes públicos. Cada episódio como este, além de ferir a moralidade administrativa, drena recursos que deveriam estar sendo usados para melhorar a saúde, a educação, a segurança e a infraestrutura de um estado que ainda enfrenta graves problemas sociais.
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