Gerente odontológica do CIIR afirma ser “normal” extração de dentes de autistas

Fotos: Reprodução

Neste Dia do Orgulho Autista, 18 de junho, uma notícia de extrema crueldade causou perplexidade: uma jovem de 19 anos, Juliana, com Transtorno de Espectro Autista grau 3, considerado severo, teve os 17 dentes extraídos sem o consentimento dos pais, no Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), do Governo do Pará. Ela estava no local para limpeza e restauração dos dentes, que seria feito com anestesia geral, no bloco cirúrgico.

O dentista responsável por tamanha violência foi Diego José Farias Gomes. O próprio governador Helder Barbalho teve de se manifestar, diante da gravidade do caso: “Já determinei imediato afastamento do profissional envolvido e abertura de uma investigação para esclarecer o caso e punir todos os responsáveis. A prioridade agora é prestar todo apoio à jovem e à sua família”.

Mas ao que tudo indica, será necessária uma ampla investigação, diante da declaração da gerente da equipe odontológica, Marcele Fernandes Miranda, que ao defender o dentista, admitiu que o procedimento é “normal” e já havia sido realizado em outras crianças e adolescentes autistas. Novos casos já começam a aparecer.

O Conselho Regional de Odontologia do Pará se manifestou afirmando que “tomou conhecimento (…) de que problemas graves teriam ocorrido em um procedimento odontológico” e que “nos colocamos à disposição da sociedade para apurar denúncias contra profissionais cirurgiões-dentistas, que precisam ser acompanhadas de documentos que possam ensejar abertura de processo ético.”

A Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), informou que o profissional “foi imediatamente afastado das funções e um processo administrativo foi instaurado para esclarecer o caso e punir todos os responsáveis”. A secretaria disse que presta apoio à jovem e à família dela.

Boletim de Ocorrência

A família registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Proteção à Pessoa com Deficiência, da Polícia Civil, relatando que há cerca de um mês, a paciente precisou de sedação para procedimento de limpeza e restauração, o que não ocorreu. A paciente então teve que ser segurada e uma máscara foi colocada para que ela dormisse. Depois disso, a mãe e o padrasto saíram da sala de atendimento.

“Havia uma agitação, um entra e sai no bloco cirúrgico, e ninguém explicava nada para minha mãe”, afirmou a irmã da paciente.

A equipe informou que houve um problema na máquina de oxigênio e uma guia foi entregue para que fosse realizada uma radiografia panorâmica. Posteriormente, a paciente foi encaminhada para a enfermaria e liberada.

No dia da limpeza e restauração dentária, segunda-feira (16), quando as extrações foram realizadas, a equipe informou à família que o procedimento seria feito mesmo sem a radiografia e novamente tiveram que imobilizar a paciente, sem a sedação. O procedimento durou quatro horas.

Com informações do Portal Uruá-Tapera e G1

O post Gerente odontológica do CIIR afirma ser “normal” extração de dentes de autistas apareceu primeiro em PONTO DE PAUTA – PARÁ.