Saiba quem são os indiciados no caso da “Abin paralela”

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou nesta 4ª feira (18.jun.2025) o fim do sigilo sobre a investigação que apura o uso indevido da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para fins políticos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Com a decisão, o relatório da PF (Polícia Federal) que lista os indiciados no caso se tornou público. O documento aponta a existência de uma organização criminosa instalada no interior da Abin. O grupo articulava o monitoramento de adversários políticos, com a produção de dossiês para alimentar uma estrutura ligada ao “gabinete do ódio”.

O material mostra os nomes dos investigados divididos por núcleos. Inclui desde políticos do alto escalão a servidores da Abin, policiais federais e militares cedidos à agência.

Jair Bolsonaro e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, integravam o núcleo estratégico. Segundo o documento entregue ao STF, eles definiam alvos de ações clandestinas e se beneficiavam politicamente da estrutura.

Eis os indiciados no caso da “Abin paralela”:

Núcleo da estrutura paralela (comando e alta gestão):

  • Alexandre Ramagem Rodrigues;
  • Paulo Maurício Fortunato Pinto;
  • Frank Márcio de Oliveira;
  • Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho.

Núcleo da estrutura paralela (assessoria da alta gestão e execução de ações clandestinas):

  • Felipe Arlotta Freitas;
  • Henrique César Prado Zordan;
  • Alexandre Ramalho Dias Ferreira;
  • Luiz Felipe Barros Felix;
  • Marcelo Araújo Bormevet;
  • Carlos Magno de Deus Rodrigues;
  • Giancarlo Gomes Rodrigues.

Núcleo de gestão do Doint (Departamento de Operações de Inteligência):

  • Paulo Magno de Melo Rodrigues Alves;
  • Marcelo Furtado Martins de Paula;
  • Luiz Gustavo da Silva Mota.

Demais condutas individualizadas identificadas com imputação:

  • Eriton Lincoln Torres Pompeu;
  • Alexandre de Oliveira Pasiani;
  • José Matheus Salles Barros;
  • Mateus de Carvalho Sposito;
  • Alan Oleskovicz;
  • Ricardo Wright Minussi;
  • Rodrigo Augusto de Carvalho Costa;
  • Lucio de Andrade Vaz Parente;
  • Alexandre do Nascimento Cantalice;
  • Victor Felismino Carneiro;
  • Bruno de Aguiar Faria;
  • Alessandro Moretti;
  • Luiz Carlos Nobrega Nelson;
  • José Fernando Moraes Chuy.

Bolsonaro, identificado como “01” e principal beneficiário das operações, não foi indiciado por já responder à ação penal da Petição 12.100/DF. Mesmo assim, sua conduta foi registrada no inquérito para possível responsabilização no futuro.

O fim do sigilo foi determinado depois de uma série de vazamentos do relatório final da PF, que resultaram em reportagens “confusas, contraditórias e errôneas”, segundo Moraes.

Investigação

A apuração começou em março de 2023, a partir de uma reportagem de O Globo revelando o uso de um software secreto pela Abin para monitoramento de cidadãos. Desde então, a PF conduziu diligências e perícias. O resultado foi entregue ao STF em 12 de junho.

Agora, com o sigilo levantado, os autos foram encaminhados à PGR (Procuradoria Geral da República), que terá 15 dias para se manifestar. O sigilo será mantido só sobre documentos que tratam de dados fiscais e bancários dos investigados.

Segundo Moraes, a divulgação do conteúdo é necessária para evitar interpretações equivocadas e proteger a integridade da instrução processual.