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A Câmara de Vereadores de Belém realizou sessão especial sobre a Cúpula dos Povos Rumo à COP 30, nesta terça-feira, 17. Autora da proposta, a vereadora Marinor Brito (Psol) provocou os movimentos e demais organizações a se mobilizarem para levar 100 mil pessoas para as ruas da capital do Pará no dia 15 de novembro, quando será realizado o Dia Global de Mobilização.
“A gente vai estar recebendo aqui nessa cidade pessoas de toda a América Latina, Caribe, de todas as regiões do mundo e a gente vai ter que ampliar essa mobilização e garantir que essa marcha seja maior que as realizadas nas cidades que já recepcionaram as COP”, convocou a parlamentar.
As razões para a marcha e para o processo de mobilização programados pela Cúpula são os avanços dos desastres climáticos que devastam sobretudo as periferias e que não serão enfrentados de verdade com as soluções adotadas pelas COP porque elas são pensadas pelas grandes empresas poluidoras.
Jane Cabral, liderança do Movimento Sem Terra no Pará, observou que a própria classificação do problema como “mudança climática” ameniza a responsabilidade das empresas que agem deliberadamente contra populações guardiãs do meio ambiente ao poluir seus territórios e expulsá-las de seus espaços.
“Mudanças climáticas não existem. Isso é naturalizar o que os países do primeiro mundo estão fazendo com os mais pobres, com a América Latina e com os outros povos. O que existe é crime climático porque ele mata os povos e aqui na Amazônia, onde vai ser a COP, o que não falta é crime climático”, defendeu.
A liderança citou alguns exemplos. “Temos por exemplo em Barcarena o povo sofrendo e a Hydro dizendo simplesmente nós temos a solução pra vocês: tirar daqui e colocar pra outra terra.mas quem estava lá não era a Hydro nem Albras. Quem já estava lá eram os povos. Então, quem tem que sair de lá são as empresas que estão matando o povo”, apontou.
Outro, conforme enfatizou, se caracteriza quando a Vale determina que comunidades assentadas não cheguem perto dos trilhos da mineradora após ocupação que visou a abertura de negociação. “Mas os trilhos passam dentro do nosso assentamento. Como é que a gente vai ficar longe se são eles que estão invadindo as nossas terras?”, questionou.
Jane observou que, apesar dessas práticas, as empresas se promovem como empresas “verdes”. “Mineração limpa só pra eles”, reforça com uma crítica que a liderança do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Cleidiane Vieira, também enxerga no governo do Pará.
“Acabamos de ver o governador que fora se veste de verde,o famoso greenwahs, acabou de comemorar a aprovação pelo Ibama da derrocada do Pedral do Lourenço. Isso vai trazer consequências gravíssimas pro pessoal do território que ainda não se recuperou da Usina de Tucuruí. Vai ter novamente seus direitos violados. Esse é o governador da COP 30 que se veste de verde lá fora, mas aqui dentro é mais marrom do que muitas empresas do agronegócio”, pontuou.
Desafio passa por exclusão dos espaços de decisão e contexto mundial
As lideranças presentes na sessão apontaram a Cúpula como um processo a ser fortalecido por ser a única forma de pressionar os tomadores de decisão já que o espaço oficial não permite a participação efetiva. Além disso, observaram que o contexto geopolítico mundial também precisa ser considerado por ter conexão com a crise climática e por estar em momento de alta tensão.
João Pedro, liderança do coletivo Pororoka, citou o leilão para exploração de petróleo no Brasil, a escalada da guerra no Oriente Médio, o genocídio na Palestina como desafios a serem pensados pela Cúpula dos Povos porque todos os problemas hoje discutidos podem ser “agudizados”, uma vez que tudo está interligado.
“Tudo isso tem a ver com clima, com desigualdades, tudo isso é impacto da exploração capitalista. A Cúpula tem um desafio que não é simples de promover alguma forma de resistência. Se enquadra numa série de espaços de esperança”, disse.
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